20.4.07

Nota oficial de Enio Verri

A greve no setor público não é fácil de contornar. Na iniciativa privada é mais fácil, porque é uma luta do capital contra o trabalho, que é a lógica do capitalismo. Na iniciativa privada, é uma aposta de forças: o trabalhador pára porque quer ter uma vida melhor. E ele mostra para o patrão a importância do seu trabalho, quando faz greve. Quando ele pára, o patrão deixa de produzir, deixa de faturar e vê o quanto o trabalhador é importante. E aí, se constrói uma alternativa salarial.
Na vida pública, é mais complexo, porque o dinheiro é público. Não é a lógica do lucro. O gestor tem o papel de construir, tanto para a população, como para aqueles que prestam serviços para a comunidade, uma cidade melhor, mais digna, onde todos possam viver e trabalhar bem. Portanto, não se pode tratar a greve como um enfrentamento de luta de classes. No setor público, o movimento deve ser tratado levando-se em conta as necessidades e as dificuldades dos servidores, respeitando-se as limitações orçamentárias do gestor. Por isso, a negociação é sempre a melhor saída, para evitar ao máximo a greve e se ela chegar a acontecer, o conflito deve ser resolvido o mais rápido possível.
O que eu credito que aconteceu nesta última greve, em Maringá, que se prolongou por 90 dias, foi que as negociações não foram esgotadas. Eu acredito que o prefeito poderia ter conversado mais com a categoria, pra evitar que o conflito fosse tão longe. Além disso, não se trata greve de trabalhador com polícia! Greve não é um caso de polícia! Greve é um problema social e um direito constitucional. O trabalhador tem todo o direito de fazer greve. A atitude de envolver a polícia no movimento grevista foi precipitada e fez muito mal, para os trabalhadores, para o prefeito e para a cidade de Maringá. Ficou uma marca muito ruim para a cidade.
Além de chamar a polícia pra prender os trabalhadores, agora coloca na iminência de demissão 32 trabalhadores que lutam para ter uma vida melhor.Isto é um absurdo!
O prefeito tinha que estar preocupado com a dengue na cidade, que atingiu números alarmantes. Estar preocupado com os buracos nas ruas, com as dificuldades de recursos, e no entanto está preocupado em demitir trabalhadores e trabalhadoras que lutam pra sobreviver.
A hora é de colocar a cabeça para pensar numa maneira de resolver o impasse da melhor forma possível. Não se pode demitir pais e mães de família. Tem um limite de respeito ao ser humano. O prefeito tem que pensar em tratar essas pessoas como cidadãos e cidadãs, pais e mães de família, que precisam do seu emprego, que tiveram um problema de enfrentamento pra melhorar a qualidade de vida, mas que agora é hora de resolver o conflito.
De maneira nenhuma eu concordo que a solução seja a demissão dos trabalhadores!
O que é preciso de fato, é entender que não se luta por uma cidade mais digna, por uma vida mais digna das pessoas, com atitudes indignas, como as que a gente está vendo hoje.

Enio Verri
Deputado Estadual