2.4.07

Saúde pública de Maringá está doente

Por PAULO VIDIGAL

Quem procura um Posto de Saúde ou o Hospital Municipal de Maringá é obrigado a aguardar até horas para ser atendido. Longas filas e demora no atendimento não é exclusividade do serviço público. Em hospitais particulares situações semelhantes acontecem. Porém, raramente tornam-se públicas. A administração alega que a epidemia de dengue é responsável pelo aumento da procura aos serviços públicos de saúde. O que é inegável. Porém, há mais o que se dizer a respeito disso. O que se vê é que nunca houve filas tão grandes e a Saúde Pública de Maringá nunca esteve tão doente como hoje.
Equipes do Programa Saúde da Família, que deveriam atuar na prevenção de doenças, acabam trabalhando internamente nos postos para cobrir a falta de médicos, auxiliares de enfermagem e agentes de saúde. Não é novidade que várias equipes do PSF estão incompletas. Agentes de Saúde e Auxiliares de Consultório Odontológico para cobrir a falta de pessoal, acabam trabalhando como auxiliares administrativos. Será que pacientes não estariam deixando de ser visitados em suas casas? Todos sabem que um dos maiores objetivos da criação do Programa Saúde da Família é a prevenção de doenças. Essa é sua essência. Não deve ser distorcida.
No Hospital Municipal a situação não é diferente. Se por um lado, aumenta o número de pacientes que são atendidos diariamente, por outro, não aumenta o número de profissionais para atendê-los. Colocar mais médicos para atender é tão importante quanto disponibilizar mais auxiliares de enfermagem, materiais e estrutura física adequada. São os auxiliares de enfermagem que medicam os doentes. Há casos de o doente aguardar uma hora e meia com a ficha na mão esperando para tomar uma medicação. Há de se fazer justiça. Tal situação não é culpa de quem está trabalhando.
Diariamente pessoas doentes sentem na pele as conseqüências de um modelo administrativo desumano. Profissionais de saúde que heroicamente trabalham nesses locais, também são vítimas desse ‘modelo administrativo’. População e os trabalhadores da saúde merecem um tratamento digno. Discursos vazios e promessas não cumpridas não atendem a necessidade da população e dos servidores.
Faço minhas as palavras do velho jornalista Bóris Casoy ao comentar uma matéria sobre pacientes deitados no chão à espera de atendimento: “Isso é uma vergonha!”

(Paulo Vidigal, servidor da saúde que junto com mais 32 servidores municipais que participaram da greve, responde injustamente a processo administrativo. Esse texto foi enviado para vários órgãos de imprensa)