23.5.07

CPI da Indústria de Multas

Ao ver a Câmara de Vereadores de Paiçandu instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades na contratação de pinturas de sinalização horizontal (faixas) achei a atitude interessante. Com certeza verão ao final quão caro é fazer uma sinalização de trânsito.
Uma placa colocada, dessas de estacionamento proibido, por exemplo, se licitada , pode chegar a R$ 200,00. Também é possível colocar essa mesma placa, sem as sofisticações que seguem as especificações de padrões internacionais, a até R$ 50,00. É claro que nesta última, o Poder Público responsável pela sua instalação pode ser alvo de um processo por desobedecer aos padrões sofisticadíssimos determinados pelo Contran. Mas acho moralmente defensável. E um bom prato para exploração política. Não sei qual a motivação dos vereadores de Paiçandu. Nem me interessa. Entretanto achei, repito, muito interessante o fato.
Fala-se tanto em INDÚSTRIA DAS MULTAS, explora-se exaustivamente nas campanhas eleitorais, mas nunca vi um político mobilizar-se e motivar a população a aceitar a instalação de uma CPI para apurar tais “irregularidades”. E acho que caberia. Pela veemência e calor com que as usam nos discursos. E também pelos tantos recursos que são utilizados para tornar "deglutível" essa tese eleitoral. Tese esta que poderia ser “ discutida” judicialmente através de uma denúncia (representação) consistente. E para os que acham que estou falando de Maringá, cito como exemplo o Distrito Federal onde estão substituindo o sistema de monitoramento de velocidade da via, por outro que reduz a velocidade pontualmente, o “quebra-molas” eletrônicos (lombadas). Acho, porém, que não seria conveniente para a Câmara.
Os Agentes e alguns servidores efetivos, sem comprometimentos políticos, poderiam testemunhar tornando público as pressões que sofrem no exercício da sua função. Poderiam “dar nome aos bois” do por quê numa avenida como a Mandacaru presenciam-se tanto abusos. Poderiam vir a público, os nomes dos vereadores enchem (enchiam) a Polícia Militar e a Setran com ofícios solicitando cancelamentos de multas (dos quais os interessados são de todas as cores). Mas não, é melhor explorar a revolta dos infratores nos discursos e promessas de campanhas. É mais lucrativo. Aparentemente, ganha-se mais votos com isso. E também parece que se perde votos defendendo os que respeitam em detrimento aos que abusam. Parece também que a revolta dos infratores produz som mais redundante que a dos que são reconhecidos.
O que é certo são as lágrimas de quem perdeu um ente querido. O que é incerto e não visto é o reconhecimento dos que estão vivos. Esses não entram nas estatísticas. Por essas e outras que nunca teremos uma CPI para apurar os responsáveis pelas “INDÚSTRIAS DE MULTAS”.