Uma dica aos candidatos a prefeito em 2008
DO ex-blog de Cesar Maia:
Entrevista com Alastair Campbell - diretor de campanha de Tony Blair. Ele analisa a campanha na França em entrevista na vésperado debate de ontem, para o Le Monde. Este Ex-Blog destaca os principais trechos.
Le Monde - Antes do debate televisivo entre Nicolas Sarkozy e Ségolène Royal, quais conselhos o senhor daria aos dois candidatos?
Campbell - Eles devem utilizar o debate para consolidar os seus pontos fortes e sublinhar as fraquezas do seu adversário, mas também para corrigir as fraquezas que lhes são atribuídas por outros. Não se trata para eles de reconhecer abertamente as suas supostas fraquezas, e sim de mantê-las em mente, e de se lembrar de que é por causa delas que uma parte dos eleitores não votou neles no primeiro turno. Simultaneamente, eles devem presumir que uma minoria substancial do seu público está disposta a conceder-lhes o benefício da dúvida.
Le Monde - Será que eles precisam se limitar às mesmas mensagens políticas que eles apresentaram antes do primeiro turno?
Campbell - Sim. Se eles mudassem fundamentalmente as suas mensagens, isso tornaria os eleitores desconfiados. Eles devem prosseguir a sua estratégia de campanha, tentando explicar por quais razões ela é perfeitamente compatível com o fato de uma parte do eleitorado não tê-los escolhido no primeiro turno.
Le Monde - O senhor acredita na importância das “pequenas frases” num debate deste tipo?
Campbell - Sim, sem dúvida. Mas elas precisam significar algo para aqueles que se pretende convencer, corresponder àquilo que os eleitores pensam estar no cerne da sua escolha, a um dos temas dominantes da campanha.
Le Monde - Será que Nicolas Sarkozy ainda pode “suavizar” a sua imagem?
Campbell - A essa altura da campanha, é perigoso deixar o público e a mídia pensarem que você quer mudar a qualquer custo. É por isso que os dois candidatos obterão melhores resultados, se eles tentarem reforçar, e, por assim dizer, destilar as duas ou três coisas essenciais nas quais eles acreditam.
Le Monde - Será a imagem dos candidatos tão importante quanto o seu programa para convencer os indecisos?
Campbell - O público de um debate televisivo baseia o seu julgamento na maneira com que se expressam os candidatos, na sua desenvoltura, mas também no domínio dos dossiês difíceis que eles mostram ter. As pessoas percebem se um debatedor compreende verdadeiramente aquilo de que está falando, se ele conhece a questão nos seus menores detalhes.
Le Monde - Tony Blair inaugurou um estilo de comunicação muito direto com o público, que ainda não tem verdadeiramente um equivalente na França.
Campbell - Nós estamos numa época em que o público sempre espera dos governantes que eles se expliquem. A qualidade da sua liderança depende em parte da sua capacidade de se explicar. Uma das grandes forças de Tony Blair não é apenas a sua força de convicção, como também o fato de ele acreditar na eficácia desta capacidade de persuasão. Isto foi a sua sorte e o seu azar: ter sido a personalidade política dominante no exato momento em que o universo da mídia estava impondo a sua onipresença. Uma sorte porque ele é um comunicador fantástico. Um azar porque ele teve diante dele meios de comunicação que não raro se mostraram venenosos.
Entrevista com Alastair Campbell - diretor de campanha de Tony Blair. Ele analisa a campanha na França em entrevista na vésperado debate de ontem, para o Le Monde. Este Ex-Blog destaca os principais trechos.
Le Monde - Antes do debate televisivo entre Nicolas Sarkozy e Ségolène Royal, quais conselhos o senhor daria aos dois candidatos?
Campbell - Eles devem utilizar o debate para consolidar os seus pontos fortes e sublinhar as fraquezas do seu adversário, mas também para corrigir as fraquezas que lhes são atribuídas por outros. Não se trata para eles de reconhecer abertamente as suas supostas fraquezas, e sim de mantê-las em mente, e de se lembrar de que é por causa delas que uma parte dos eleitores não votou neles no primeiro turno. Simultaneamente, eles devem presumir que uma minoria substancial do seu público está disposta a conceder-lhes o benefício da dúvida.
Le Monde - Será que eles precisam se limitar às mesmas mensagens políticas que eles apresentaram antes do primeiro turno?
Campbell - Sim. Se eles mudassem fundamentalmente as suas mensagens, isso tornaria os eleitores desconfiados. Eles devem prosseguir a sua estratégia de campanha, tentando explicar por quais razões ela é perfeitamente compatível com o fato de uma parte do eleitorado não tê-los escolhido no primeiro turno.
Le Monde - O senhor acredita na importância das “pequenas frases” num debate deste tipo?
Campbell - Sim, sem dúvida. Mas elas precisam significar algo para aqueles que se pretende convencer, corresponder àquilo que os eleitores pensam estar no cerne da sua escolha, a um dos temas dominantes da campanha.
Le Monde - Será que Nicolas Sarkozy ainda pode “suavizar” a sua imagem?
Campbell - A essa altura da campanha, é perigoso deixar o público e a mídia pensarem que você quer mudar a qualquer custo. É por isso que os dois candidatos obterão melhores resultados, se eles tentarem reforçar, e, por assim dizer, destilar as duas ou três coisas essenciais nas quais eles acreditam.
Le Monde - Será a imagem dos candidatos tão importante quanto o seu programa para convencer os indecisos?
Campbell - O público de um debate televisivo baseia o seu julgamento na maneira com que se expressam os candidatos, na sua desenvoltura, mas também no domínio dos dossiês difíceis que eles mostram ter. As pessoas percebem se um debatedor compreende verdadeiramente aquilo de que está falando, se ele conhece a questão nos seus menores detalhes.
Le Monde - Tony Blair inaugurou um estilo de comunicação muito direto com o público, que ainda não tem verdadeiramente um equivalente na França.
Campbell - Nós estamos numa época em que o público sempre espera dos governantes que eles se expliquem. A qualidade da sua liderança depende em parte da sua capacidade de se explicar. Uma das grandes forças de Tony Blair não é apenas a sua força de convicção, como também o fato de ele acreditar na eficácia desta capacidade de persuasão. Isto foi a sua sorte e o seu azar: ter sido a personalidade política dominante no exato momento em que o universo da mídia estava impondo a sua onipresença. Uma sorte porque ele é um comunicador fantástico. Um azar porque ele teve diante dele meios de comunicação que não raro se mostraram venenosos.
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