27.6.07

Brasileiros filtram mosquitos e engolem camelos

Por MARIA NEWNUM

A simplicidade do povo brasileiro faz lembrar os índios que no passado receberam alimentos e roupas contaminadas com o vírus da varíola, mandados do céu, por fazendeiros desgraçados que queriam dizimá-los e tomar suas terras. Nós homens e mulheres “brancos” caímos, vez após outra, na armadilha dos fazendeiros que elegemos; Renan Calheiros é apenas um deles.
Fomos contaminados com o vírus da impotência, o pior de todos, lançado sobre nós pelos nobres de Brasília. Nem mesmo a “vigorosa” imprensa brasileira, foi imunizada; filtram mosquitos e engolem camelos enormes. Ora, haveriam de perguntar: Como Renan conseguiu, com salário público, adquirir tantas fazendas? Mas não! Ficam nesse debate miúdo. Enquanto isso, Renan Calheiros, aparece nos noticiários com cara risonha, como quem diz: “êta gente burra! No fim e ao cabo, vou levar a melhor. O pior que me ocorrerá, será uma aposentadoria polpuda; paga pela brava gente brasileira.”
Pare o mundo. Quero descer.
Em 2002, Renan declarou ao TRE: casa em Brasília, Lago Sul, R$ 800 mil; apartamento no edifício Tartana, Ponta Verde, R$ 700 mil; apartamento no Flat Alvorada, Distrito Federal, R$ 100 mil (avaliada em R$ 1 milhão); Casa na Barra de São Miguel de R$ 350 mil (avaliada em 3.000.000).
Já era um patrimônio considerável para um funcionário público, sem herança, filho de seu Olavo, um agricultor sem posses. Contudo, em 2002, Renan não declarou nenhuma fazenda, nenhuma cabeça de gado. De lá para cá surgiu esse patrimônio gigante que inclui fazendas, gado e rádios; apresentados recentemente por ele mesmo para justificar o “mosquito” que a imprensa corre atrás, feito borboleta tonta, em volta da luz incandescente de Renan, que cega a razão dos brasileiros e da imprensa.
De onde veio tanto dinheiro? A imprensa enfeitiçada pela luz, não pergunta.
Renan Calheiros e seus pares riem dos brasileiros e da imprensa. E diante das chantagens e denúncias de um ou de outro que se avilte “espoliar” o rico dinheiro armazenado durante a indigna vida pública, dão mosquitos pequenos para a imprensa e o povo coar.
Nossa gente é por “natureza colonial”, despreparada para a crítica e sofre do cansaço compreensível, ante as grandiosas pizzas assadas no cenário político nacional. Nossa gente não é burra; é gente exausta!
Mas o quê dizer da imprensa nacional que filtra mosquitos e engolem camelos?

Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática e vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá.
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