9.6.07

Carta Aberta
(Terminal Rodoviário de Maringá – Antiga Rodoviária)
Maringá, junho de 2007


Venho, por meio desta, expressar minha profunda tristeza em saber que irão demolir o Primeiro Terminal Rodoviário de Maringá.
Meu nome é Ricardo Pereira Rennó, tenho 35 anos, nascido em Curitiba, mas morador na cidade desde meus 2 anos de idade. Sou publicitário, mas com formação acadêmica de Bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá.
Sempre soube apreciar belas formas, inclusive as arquitetônicas. Por isso escrevo este desabafo. Sempre admirei as curvas que estavam apagadas pela armação de metal frio em volta da “velha” rodoviária. Mas o destino fez com que toda sua beleza renascesse, e, por ironia, a destruísse quando todo aquele ferro veio abaixo.
Fico triste em saber que é mais barato demolir e fazer outro do que revitalizar. A nossa Rodoviária Velha, em tempo geográfico de uma cidade, é bem “nova”, década de 70. Mas a nossa cidade é “nova”! 60 anos não é nada dentro dos 500 anos do Brasil.
Mas, se acabar com o que se acha “velho” e “feio” de uma cidade com intenção de deixá-la “arrojada e moderna”, quando podemos pensar que uma determinada construção pode ser um patrimônio histórico?
Percebi também que o Governo de Maringá, não só o atual, mas todos eles que já passaram, são rápidos em dizer que um prédio é “patrimônio histórico da cidade”, se o mesmo é privado. Como aconteceu com um hotel e uma antiga sede de escritório.
Não estou reclamando dessas determinações, de maneira alguma. Acho realmente importante, mas, quando se fala em bens públicos, parece que as coisas mudam de situação. Já vimos a destruição do Primeiro Terminal Ferroviário, que se situava atrás dela, e nem quero imaginar o que vai acontecer com o prédio do Primeiro Aeroporto, onde, nas primeiras décadas, abrigou um famoso e luxuoso restaurante, em seu nível superior, onde a elite freqüentava.
Bom, realmente gostaria de continuar a ver nossa “antiga rodoviária”, nome carinhoso que damos a ela, como sempre a vi nestes 33 anos de vida na cidade, com suas curvas e letreiros que nos remetem a um passado “curto”, realmente, mas com uma história por trás ao invés de apreciá-la apenas em uma foto ou em uma pintura estática.
Por fim, desejo que esta seja lida e entendida, ao menos por uma pessoa, e que essa pessoa também se comova com o meu sentimento de perda.


Tristemente assino
Ricardo Pereira Rennó
Morador de Maringá
(44) 9116-5910