Drogas no entorno das escolas – NÃÃÃOOO
Por ELIAS CANUTO BRANDÃO
Ao passar na frente de um Colégio no momento em que os alunos saiam, observei um alvoroço incomum. Perguntei o que ocorria. Apenas uma menina arriscou-se a dizer: “é que uns caras estranhos ficam vendendo drogas na saída da escola e nos chamam para conversar. Temos medo deles”. Perguntei: como vocês sabem que vendem drogas? Respondeu e correu para alcançar as colegas que se distanciavam: “porque sabemos. Todo mundo sabe”.
Pela expressão da menina, os estudantes parecem conhecer o que é droga. Não é estranho? Será que conhecem? Todos ou alguns conhecem?
Como a violência nas escolas, clubes e famílias aumentam, penso que o problema das drogas terá que ser enfrentado e discutido nas instituições de ensino pelos educadores. Como é uma questão social, por que não fazer parte de uma disciplina ou curso com alunos e professores, orientados por profissionais com conhecimento de causa (médico, policial...), acompanhado dos produtos para amostragem: maconha, cocaína, craque...? Por que não se discutir com todos os prós e contras a saúde humana, ao vivo e a cores, em vez de simplesmente proibir?
Considerando que mais de 400 mil pessoas estão presas no Brasil em um sistema penitenciário falido, questionável e punitivo, com capacidade para aproximadamente 150 mil e aproximadamente outras 800 mil estão com prisões decretadas e sem espaço para cumprir a pena, o que fazer?
Tenho observado que os presos, ao saírem das prisões, têm dificuldades de se reintegrarem à sociedade. Ou seja, a cadeia não integra, reintegra ou socializa. Ao contrário, revolta o preso, o advogado, o defensor público e a população que toma conhecimento da situação degradante das cadeias e penitenciárias.
Um ex-presidiário sai mais revoltado com a sociedade e com o sistema penitenciário do que quando adentrou, tornando-se um perigo maior com a “metodologia de recuperação” praticada pelo Estado.
Temos que buscar outros meios de educar nossas crianças, adolescentes e jovens para evitar que sejam futuros presidiários. Minha preocupação justifica-se para evitarmos que em breve tenhamos nossos ex-alunos nas manchetes de jornais, revistas e televisões, noticiando que se encontram atrás das grades. Imagine você educador carregar no curriculum vitae a marca negativa de que “educou” futuro preso ou delinqüente.
As discussões a respeito das drogas são mais que necessárias, visto ser cada vez maior o número de usuários na sociedade, aumentando a violência e atingindo as instituições de ensino. Não é de se pensar em buscar alternativas educacionais?
Não se educa ameaçando, prendendo, batendo ou dizendo apenas NÃO. Educamos orientando, dialogando, apresentando os perigos, os riscos... Educar é prevenir enquanto estão em desenvolvimento e prevenir é melhor que prender e perder.
Elias Brandão é conselheiro nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e coordenador do MNDH no Estado do Paraná
http://elias-brandao.blogspot.com - canutobrandao@hotmail.com
Ao passar na frente de um Colégio no momento em que os alunos saiam, observei um alvoroço incomum. Perguntei o que ocorria. Apenas uma menina arriscou-se a dizer: “é que uns caras estranhos ficam vendendo drogas na saída da escola e nos chamam para conversar. Temos medo deles”. Perguntei: como vocês sabem que vendem drogas? Respondeu e correu para alcançar as colegas que se distanciavam: “porque sabemos. Todo mundo sabe”.
Pela expressão da menina, os estudantes parecem conhecer o que é droga. Não é estranho? Será que conhecem? Todos ou alguns conhecem?
Como a violência nas escolas, clubes e famílias aumentam, penso que o problema das drogas terá que ser enfrentado e discutido nas instituições de ensino pelos educadores. Como é uma questão social, por que não fazer parte de uma disciplina ou curso com alunos e professores, orientados por profissionais com conhecimento de causa (médico, policial...), acompanhado dos produtos para amostragem: maconha, cocaína, craque...? Por que não se discutir com todos os prós e contras a saúde humana, ao vivo e a cores, em vez de simplesmente proibir?
Considerando que mais de 400 mil pessoas estão presas no Brasil em um sistema penitenciário falido, questionável e punitivo, com capacidade para aproximadamente 150 mil e aproximadamente outras 800 mil estão com prisões decretadas e sem espaço para cumprir a pena, o que fazer?
Tenho observado que os presos, ao saírem das prisões, têm dificuldades de se reintegrarem à sociedade. Ou seja, a cadeia não integra, reintegra ou socializa. Ao contrário, revolta o preso, o advogado, o defensor público e a população que toma conhecimento da situação degradante das cadeias e penitenciárias.
Um ex-presidiário sai mais revoltado com a sociedade e com o sistema penitenciário do que quando adentrou, tornando-se um perigo maior com a “metodologia de recuperação” praticada pelo Estado.
Temos que buscar outros meios de educar nossas crianças, adolescentes e jovens para evitar que sejam futuros presidiários. Minha preocupação justifica-se para evitarmos que em breve tenhamos nossos ex-alunos nas manchetes de jornais, revistas e televisões, noticiando que se encontram atrás das grades. Imagine você educador carregar no curriculum vitae a marca negativa de que “educou” futuro preso ou delinqüente.
As discussões a respeito das drogas são mais que necessárias, visto ser cada vez maior o número de usuários na sociedade, aumentando a violência e atingindo as instituições de ensino. Não é de se pensar em buscar alternativas educacionais?
Não se educa ameaçando, prendendo, batendo ou dizendo apenas NÃO. Educamos orientando, dialogando, apresentando os perigos, os riscos... Educar é prevenir enquanto estão em desenvolvimento e prevenir é melhor que prender e perder.
Elias Brandão é conselheiro nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e coordenador do MNDH no Estado do Paraná
http://elias-brandao.blogspot.com - canutobrandao@hotmail.com
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