23.8.07

Nota do PT

A Comissão Executiva do Partido dos Trabalhadores de Maringá reunida extraordinariamente na data de hoje, 23/08/2007, deliberou tornar público o que segue:

Na tarde de 22 de agosto do corrente, o Professor e ex-Prefeito Municipal João Ivo Caleffi comunicou formalmente à direção do PT de Maringá sua desfiliação da legenda. À direção partidária, alegou que sua desfiliação ocorria por motivos particulares. À opinião pública, alegou que vinha sendo “desrespeitado pela direção partidária” e que “não havia mais espaço” para ele na legenda, que teria fechado as portas aos seus interesses. Surpreendida com esses fatos, a Executiva Municipal do PT reuniu-se e decidiu esclarecer o que segue:

A filiação partidária é uma escolha pessoal e intransferível. Em um regime democrático e pluralista, é normal que as pessoas definam e redefinam suas preferências a partir de seus interesses. Nada a opor, portanto, ao uso do direito de escolha de nosso ex-filiado, quaisquer que sejam suas motivações.
Entretanto, por respeito aos seus eleitores e à verdade, o PT assegura que não tem amparo na realidade à afirmação de que o ex-filiado teve seus direitos desrespeitados pela direção de nosso partido e que não tinha mais espaço em nossas fileiras.
A verdade é que as ambições pessoais de João Ivo Caleffi tornaram-se incompatíveis com o espírito de um partido democrático e pluralista como o PT.
Em 2005, Caleffi já havia ensaiado sua desfiliação do PT. Naquele ano, interessado em sua própria carreira, entabulou negociações para se transferir para outra legenda. A desfiliação só não ocorreu porque a negociação não foi tão vantajosa quando pretendia. Mesmo ciente desse fato, o PT acolheu sua candidatura a deputado federal em 2006.
Agora, Caleffi queria impor ao PT a definição precoce de sua candidatura ao pleito municipal de 2008. Em outras palavras, exigia que a definição ocorresse neste momento, a um ano da eleição, e que seu nome fosse ungido. Desconsiderava que o PT de Maringá é mais amplo, dispõe de 1 deputado estadual, 2 vereadores e outros líderes que poderiam, com a mesma legitimidade, aspirar a honrosa condição de representar o partido na disputa municipal.
A direção partidária nunca negou a Caleffi o direito de ser o candidato a prefeito e jamais lhe fechou as portas. Apenas, em respeito ao fato de o partido ser mais amplo, estabelecera uma dinâmica para que todas as lideranças tivessem igualdade de condições e que a decisão fosse tomada no momento oportuno, com amplo debate e irrestrito exercício da democracia interna. O sonho da direção era conduzir o partido unido para a disputa municipal.
O prazo que expira em setembro de 2007 é o de filiação partidária para fins de definição de candidaturas. A legislação estabelece que os candidatos estejam filiados há um ano nas legendas. Embora suas portas estejam abertas às pessoas de bem, o PT não tem necessidade de promover filiações para compor um quadro competitivo para disputar a prefeitura de Maringá. Felizmente, dispõe de excelentes alternativas internas. Enfim, setembro é o prazo para quem pretende mudar de partido e não para o PT definir candidato.
O PT faz parte de uma tradição socialista, em que os interesses coletivos, construídos democraticamente, prevalecem sobre as ambições pessoais. É preciso respeitar a democracia interna, como fizeram outros líderes locais e nacionais.
Em 1992, José Cláudio Pereira Neto apresentou-se como pré-candidato a prefeito pelo PT. Na disputa interna, fez apenas 25% dos votos e foi preterido. Em vez de se magoar e sair do partido assumiu o desafio de presidir o PT. Em 1996, foi candidato de consenso do partido. Em 2000, foi eleito prefeito.
Em 2004, Enio Verri foi pré-candidato a prefeito. Tendo perdido as prévias para João Ivo Caleffi, Verri continuou sua militância partidária. Depois de chefiar o gabinete do Ministério do Planejamento, elegeu-se deputado estadual e, hoje, é titular da Secretaria de Planejamento do Estado do Paraná.
Em 2002, o próprio Luis Inácio Lula da Silva disputou, sem traumas, a indicação de candidato a presidente da República com o senador Eduardo Suplicy. Lula ganhou as prévias partidárias e as eleições presidenciais e Suplicy continua representando o PT no Senado Federal. A democracia interna não deve ser válida apenas quando coincide com nossos interesses.
A desfiliação de João Ivo Caleffi diminui o leque de opções internas, mas a direção do PT de Maringá segue firme em seu propósito de construir, democraticamente, o melhor quadro para o partido enfrentar, forte e unido, a disputa municipal e apresentar uma alternativa de poder ao povo de Maringá. O sonho que move nossa história, representado pela eleição de José Cláudio em 2000, será renovado.

Partido dos Trabalhadores
Comissão Executiva Municipal

Maringá, 23 de agosto de 2007.