26.10.07

Fraudes na Funasa tinham ramificação no Paraná

Cíntia Vegas, Nájia Furlan e Rosângela Oliveira/O Estado do Paraná

O operação deflagrada ontem pela Polícia Federal, sob o nome de Metástase, resultou na prisão do empresário Hissan Hussein Dehaini, proprietário de três hotéis, dois postos de combustíveis, uma empresa de táxi aéreo e diversas propriedades em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Entre as principais acusações contra o empresário está a de fraude de licitação para contratação de serviços de helicópteros em Roraima. Esses serviços seriam prestados principalmente à Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Na mesma operação também foram presos o diretor do Departamento de Atividades Econômicas da Secretaria de Finanças de Araucária, Vitor Emanuel da Silva Cantador; o filho do empresário, Rihad Hissan Dehaini, e dois gerentes: José Carlos Naslaniec, do Hotel Rihad, e Eliel Rodrigues dos Santos, do Posto Cristal, que pertencem ao empresário. Segundo o delegado da PF e coordenador da operação, Ramon Almeida da Silva, as investigações que deram origem à operação tiveram início em 2005, quando ocorreu a morte do major Pedro Plocharski, em 28 de janeiro daquele ano. “A PF estava investigando se a morte tinha relação com Hissan e acabou descobrindo a prática de outros delitos. Em relação à morte, não foram encontradas evidências”, disse o delegado.
A PF chegou à casa de Hissan por volta das 7h30, com dois mandados de prisão: um da Justiça Federal de Roraima, referente à fraude nas licitações, e outro da Justiça Estadual do Paraná, referente a formação de quadrilha, descaminho, furto, quebra de sigilo telefônico, sonegação fiscal, corrupção ativa e crime contra a ordem econômica.
Na casa, além de documentos, a polícia apreendeu cinco veículos - um deles avaliado em mais de R$ 200 mil -, uma moto, além de cinco armas que pertenciam ao filho do empresário. Hissan Hussein Dehaini já havia sido preso em 2000 durante o desenrolar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico. Ele ficou detido por cerca de seis meses em uma unidade prisional em Brasília. O empresário também teve o nome citado por envolvimento com o ex-secretário da Fazenda de Maringá, Luiz Antonio Paolicchi.
O empresário é conhecido na cidade pelo enorme patrimônio que acumulou. A casa onde residia, uma mansão de mais de 2 mil metros quadrados, ocupa uma quadra inteira do bairro Estação, em Araucária, e foi construída na década de 70. Entre os detalhes da casa estão uma piscina aquecida na sala de estar, sala de jogos com 500 metros quadrados e uma escada em madeira de jacarandá que foi feita por um artesão baiano.

Servidor ajudava a sonegar
Segundo a Polícia Federal, a prisão do diretor do Departamento de Atividades Econômicas da Secretaria de Finanças de Araucária, Vitor Emanuel da Silva Cantador, se deu porque o servidor municipal é acusado de favorecer Hussein com a redução de valores de impostos cobrados de suas empresas. Sobre a participação de Cantador, a Secretaria Municipal de Governo de Araucária esclareceu, em nota, “que ele é funcionário de carreira há mais de 25 anos”. “Na maior parte deste período, ocupou o cargo de diretor do DAE e, até onde se tem conhecimento, nunca houve questionamentos sobre sua conduta profissional dentro da prefeitura. Quando tivermos acesso às acusações contra o servidor e caso elas sejam confirmadas perante a Justiça, a Prefeitura tomará as medidas cabíveis”, informou a nota.