Eu, o covarde de 2007
CLÁUDIO MARQUES DA SILVA
Estamos encerrando o ano de 2007, e o mais surpreendente de tudo: ainda não fui processado... ainda. Silenciei-me no caso de Renan. Fui omisso no caso da pobre garota que foi violentada nas celas de uma Delegacia do Pará. Elogiei Lula. Aplaudi silenciosamente a derrota de Hugo Chavez. Se alguém elogiava Lula, eu também elogiava. Se alguém o criticava, eu também criticava. Evitei o confronto, fugi de polêmicas. Renan é um senador que enxovalha a República, pergunto como meu filho: E daí? O Bispo está em greve de fome contra a transposição do São Francisco: E eu com isso? Neste ano fui um prudente "covarde". Covardes sempre agem no descuido de suas possíveis presas e como "bom covarde", nada melhor do que aproveitar o espírito natalino para falar o que pensei em dizer em outras épocas, sem correr o risco de ser processado. Todos estão com os pensamentos voltados para as festas. Os corruptos estão afoitos com a grana armazenada durante doze meses de falcatruas. Os funcionários públicos estão felizes com o pagamento do décimo terceiro salário. Os políticos, ora, estes estarão sempre felizes. Renan, o canalha, que o diga.
Viu? É natal. Pode xingar, ofender, eles estão muito ocupados contando vantagens sobre suas maracutaias. Renan dará uma festa de arromba para comemorar a "vitória". Todos os convidados comparecerão vestidos de irmãos metralhas. É a vitória da canalhice, vitória da insensatez e da pouca vergonha. Para conquistar uma vaga no legislativo ou no executivo você obrigatoriamente deverá se filiar a um partido político. Você, cidadão de bem, respeitado e honesto, pode se ver no outro dia sendo chamado de "companheiro" por Dirceus, Genoínos, Delúbios e Renans. Pode se ver, obrigado pelas circunstâncias, em nome do partido, a suportar o "hálito" de Hugo Chavez com aquele perfil de sapo esmagado, cuspindo em sua cara enquanto apregoa sua disposição em morrer pela revolução bolivariana. É um imbecil. O lado bom é que Hugo Chavez torna Lula o mais simpático e atraente presidente das Américas.
Notou como mudei? Até me filiei em um partido político. Perdi a vergonha de vez. Continuarei filiado até o momento em que um canalha me chame de companheiro. Meus superiores estão felizes com meu ano de covardia. Renan não foi cassado por seus pares. Eu vivo sendo "caçado". Fui suspenso por trintas dias, perdi parte de meus salários. Paulo Coelho está cada vez mais rico com seus livros, eu, cada vez mais pobre com meus artigos. Meus superiores estão felizes com meu ano de covardia. Não se alegrem, foi só uma experiência. Não gostei.
Cláudio Marques da Silva
Delegado de Polícia
Diretor Jurídico do Sidepol
Especialista em Direito Público e gestão de segurança pública.
e-mail-delegadomarques@hotmail.com
Estamos encerrando o ano de 2007, e o mais surpreendente de tudo: ainda não fui processado... ainda. Silenciei-me no caso de Renan. Fui omisso no caso da pobre garota que foi violentada nas celas de uma Delegacia do Pará. Elogiei Lula. Aplaudi silenciosamente a derrota de Hugo Chavez. Se alguém elogiava Lula, eu também elogiava. Se alguém o criticava, eu também criticava. Evitei o confronto, fugi de polêmicas. Renan é um senador que enxovalha a República, pergunto como meu filho: E daí? O Bispo está em greve de fome contra a transposição do São Francisco: E eu com isso? Neste ano fui um prudente "covarde". Covardes sempre agem no descuido de suas possíveis presas e como "bom covarde", nada melhor do que aproveitar o espírito natalino para falar o que pensei em dizer em outras épocas, sem correr o risco de ser processado. Todos estão com os pensamentos voltados para as festas. Os corruptos estão afoitos com a grana armazenada durante doze meses de falcatruas. Os funcionários públicos estão felizes com o pagamento do décimo terceiro salário. Os políticos, ora, estes estarão sempre felizes. Renan, o canalha, que o diga.
Viu? É natal. Pode xingar, ofender, eles estão muito ocupados contando vantagens sobre suas maracutaias. Renan dará uma festa de arromba para comemorar a "vitória". Todos os convidados comparecerão vestidos de irmãos metralhas. É a vitória da canalhice, vitória da insensatez e da pouca vergonha. Para conquistar uma vaga no legislativo ou no executivo você obrigatoriamente deverá se filiar a um partido político. Você, cidadão de bem, respeitado e honesto, pode se ver no outro dia sendo chamado de "companheiro" por Dirceus, Genoínos, Delúbios e Renans. Pode se ver, obrigado pelas circunstâncias, em nome do partido, a suportar o "hálito" de Hugo Chavez com aquele perfil de sapo esmagado, cuspindo em sua cara enquanto apregoa sua disposição em morrer pela revolução bolivariana. É um imbecil. O lado bom é que Hugo Chavez torna Lula o mais simpático e atraente presidente das Américas.
Notou como mudei? Até me filiei em um partido político. Perdi a vergonha de vez. Continuarei filiado até o momento em que um canalha me chame de companheiro. Meus superiores estão felizes com meu ano de covardia. Renan não foi cassado por seus pares. Eu vivo sendo "caçado". Fui suspenso por trintas dias, perdi parte de meus salários. Paulo Coelho está cada vez mais rico com seus livros, eu, cada vez mais pobre com meus artigos. Meus superiores estão felizes com meu ano de covardia. Não se alegrem, foi só uma experiência. Não gostei.
Cláudio Marques da Silva
Delegado de Polícia
Diretor Jurídico do Sidepol
Especialista em Direito Público e gestão de segurança pública.
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