Manifesto em favor da ética e da moral
Se mantiverem os reajustes de salários, vereadores terão o troco nas urnas
Agora está nas mãos dos vereadores. Na "Carta de Repúdio" entregue ontem aos "nobres parlamentares", vinte e uma entidades de classe do Município deixaram claro o posicionamento contrário ao reajuste que a Câmara Municipal aprovou nesta semana para os salários dos vereadores, do prefeito, do vice-prefeito e dos secretários municipais. Se a palavra "democracia" faz algum sentido para os representantes do Legislativo, o aumento de salário precisa ser revogado. É o mínimo que os vereadores deveriam fazer para minimizar o desgaste que, mais uma vez, causam à imagem da Câmara. Tudo é vergonhoso. Desde os percentuais de aumento aplicados nos vencimentos daqueles que deveriam "zelar" dos cofres públicos municipais, até a forma vergonhosa como o processo de votação dos reajustes foi conduzido.
Os índices de reajuste chegam a 51% e não encontram, na prática, nenhum embasamento técnico. Os vereadores simplesmente nivelaram os vencimentos por cima. Pensaram apenas no próprio bolso sem se preocupar com as prioridades de investimentos em obras e projetos sociais. Outro absurdo, além do tamanho dos aumentos, foi a maneira sorrateira como a Câmara conduziu a votação dos aumentos de salários. Estranha-se que um assunto dessa importância seja votado numa sessão extraordinária, a toque de caixa e às vésperas do Natal, sem qualquer esboço de discussão.
Onde fica a transparência? O plenário da Câmara Municipal deveria ser uma arena de confronto de idéias. Mas o debate público não existe. Nossos vereadores, que têm a obrigação de defender os interesses coletivos, subtraem dos cidadãos o direito de participar das decisões políticas. Não é assim que se constrói um Estado de Direito. Em Ponta Grossa, lamentavelmente, ainda prevalece o autoritarismo. Muitos daqueles que estão entronados no poder pensam que ainda vivem nos tempos do coronelismo, em que os direitos dos cidadãos eram pisoteados por grupos inescrupulosos que agiam apenas em benefício próprio.
A sociedade civil organizada não pode se curvar à prepotência e à arrogância daqueles que se acham donos da cidade. Cabe às entidades de classe que ontem entregaram a Carta de Repúdio aos vereadores insistirem neste "manifesto cidadão" em defesa da ética e da moral na política. É preciso lembrar àqueles que estão entronados no Palácio da Ronda e na Câmara Municipal que estamos sim num regime democrático. Eles podem até insistir no atropelo aos princípios da transparência e do debate, mas, certamente, terão que arcar com as conseqüências de seus atos nas próximas eleições.
Todos farão questão de lembrar os eleitores sobre a truculência que, por ora, se instala naquela que deveria ser a "Casa do Povo". Eles podem manter os reajustes de salários. Mas terão o troco nas urnas.
(Jornal da Manhã, Ponta Grossa, 21/12/2007)
Agora está nas mãos dos vereadores. Na "Carta de Repúdio" entregue ontem aos "nobres parlamentares", vinte e uma entidades de classe do Município deixaram claro o posicionamento contrário ao reajuste que a Câmara Municipal aprovou nesta semana para os salários dos vereadores, do prefeito, do vice-prefeito e dos secretários municipais. Se a palavra "democracia" faz algum sentido para os representantes do Legislativo, o aumento de salário precisa ser revogado. É o mínimo que os vereadores deveriam fazer para minimizar o desgaste que, mais uma vez, causam à imagem da Câmara. Tudo é vergonhoso. Desde os percentuais de aumento aplicados nos vencimentos daqueles que deveriam "zelar" dos cofres públicos municipais, até a forma vergonhosa como o processo de votação dos reajustes foi conduzido.
Os índices de reajuste chegam a 51% e não encontram, na prática, nenhum embasamento técnico. Os vereadores simplesmente nivelaram os vencimentos por cima. Pensaram apenas no próprio bolso sem se preocupar com as prioridades de investimentos em obras e projetos sociais. Outro absurdo, além do tamanho dos aumentos, foi a maneira sorrateira como a Câmara conduziu a votação dos aumentos de salários. Estranha-se que um assunto dessa importância seja votado numa sessão extraordinária, a toque de caixa e às vésperas do Natal, sem qualquer esboço de discussão.
Onde fica a transparência? O plenário da Câmara Municipal deveria ser uma arena de confronto de idéias. Mas o debate público não existe. Nossos vereadores, que têm a obrigação de defender os interesses coletivos, subtraem dos cidadãos o direito de participar das decisões políticas. Não é assim que se constrói um Estado de Direito. Em Ponta Grossa, lamentavelmente, ainda prevalece o autoritarismo. Muitos daqueles que estão entronados no poder pensam que ainda vivem nos tempos do coronelismo, em que os direitos dos cidadãos eram pisoteados por grupos inescrupulosos que agiam apenas em benefício próprio.
A sociedade civil organizada não pode se curvar à prepotência e à arrogância daqueles que se acham donos da cidade. Cabe às entidades de classe que ontem entregaram a Carta de Repúdio aos vereadores insistirem neste "manifesto cidadão" em defesa da ética e da moral na política. É preciso lembrar àqueles que estão entronados no Palácio da Ronda e na Câmara Municipal que estamos sim num regime democrático. Eles podem até insistir no atropelo aos princípios da transparência e do debate, mas, certamente, terão que arcar com as conseqüências de seus atos nas próximas eleições.
Todos farão questão de lembrar os eleitores sobre a truculência que, por ora, se instala naquela que deveria ser a "Casa do Povo". Eles podem manter os reajustes de salários. Mas terão o troco nas urnas.
(Jornal da Manhã, Ponta Grossa, 21/12/2007)
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