Família mora em delegacia desativada
Texto e fotos: Dirceu Portugal
A filha de Lídia Vieira, de 37 anos, A.V. S., de 10 anos, acorda cedo todos os dias para estudar. A rotina da estudante da 5.ª série de uma escola pública de Goioerê, na Região Centro-Oeste do estado, não seria diferente da maior parte das crianças de sua idade, não fosse por alguns detalhes muito peculiares à vida da família dela.
A menina divide o “quarto” com seus dois irmãos. O mais velho, de 17 anos, improvisou um colchão fino sobre a cama de concreto. É no outro colchão mirrado, instalado numa cama sobre o vaso sanitário, que A. dorme com a irmã mais nova, de seis anos. “É ruim dormir no quarto por causa do calor e do mau cheiro”, reclama. Mas este não é o único improviso na “casa” da garota. Ela, os irmãos e a mãe, Lídia Vieira, de 37 anos, grávida de cinco meses, moram em uma delegacia desativada no distrito Jaracatiá, a quatro quilômetros do centro da cidade.
Eles ocuparam o local há três meses. A mudança foi autorizada pela administração do município, que despejou a família do terreno onde morava para construir um conjunto de casas populares. “O prefeito colocou a gente para morar aqui e como não tinha para onde ir, aceitamos mesmo sendo na delegacia”, lembra Lídia. “Eles devem ficar por mais seis meses na delegacia até as casas ficarem prontas. Depois serão transferidos para uma moradia popular”, explicou o secretário municipal de administração de Goioerê, José Vieira Neto.
Em frente ao cubículo onde os filhos de Lídia dormem, uma outra cela foi reaproveitada para guardar um balde furado, um guarda-chuva quebrado, uma bicicleta velha e pedaços de móveis. “Assim que o bebê nascer, vamos tirar tudo da cela, quebrar um pedaço da parede e colocar o berço”, conta Lídia.
Foi preciso fazer alguns ajustes no imóvel para que a família pudesse ocupar a delegacia, desativada há cinco anos. A comunicação entra a sala e a cozinha foi feita na marreta. “Abrimos um buraco na parede e estouramos um cadeado que estava em uma das grades”, conta Lídia. Tudo para dar um ar mais doméstico ao lugar.
Apesar das mudanças, a delegacia ainda assusta as meninas de Lídia. “Elas ouvem histórias contadas por moradores, de presos que passaram pela delegacia, e acordam assustadas durante a noite”, conta. A família ainda convive com piadas dos moradores antigos de Jaracatiá, mesmo nunca tendo problemas com a polícia. “Eles perguntam, em tom de brincadeira, o que fizemos para estar na delegacia”, diz. “Aceitei a delegacia por não ter onde morar”.
A antiga delegacia foi construída em 1994 com recursos do município de Goioerê durante a gestão do prefeito José Paulo Novaes. Foi desativada por falta de policiais militares para trabalhar na cidade. “O policial que trabalhava na delegacia se aposentou e ninguém mais foi trabalhar em Jaracatiá”, diz o sargento da PM de Goioerê, Manoel Ferreira dos Santos. Segundo o sargento, mesmo com a delegacia desativada, uma equipe de policiais faz a ronda no local. Para os moradores do pequeno distrito, o fechamento da delegacia não interfere na tranqüilidade do lugar. “A cidade é muito calma e não há necessidade de policiais ou da delegacia aberta”, diz o agricultor Amadeu Aparecido das Neves, de 68 anos.
A filha de Lídia Vieira, de 37 anos, A.V. S., de 10 anos, acorda cedo todos os dias para estudar. A rotina da estudante da 5.ª série de uma escola pública de Goioerê, na Região Centro-Oeste do estado, não seria diferente da maior parte das crianças de sua idade, não fosse por alguns detalhes muito peculiares à vida da família dela.
A menina divide o “quarto” com seus dois irmãos. O mais velho, de 17 anos, improvisou um colchão fino sobre a cama de concreto. É no outro colchão mirrado, instalado numa cama sobre o vaso sanitário, que A. dorme com a irmã mais nova, de seis anos. “É ruim dormir no quarto por causa do calor e do mau cheiro”, reclama. Mas este não é o único improviso na “casa” da garota. Ela, os irmãos e a mãe, Lídia Vieira, de 37 anos, grávida de cinco meses, moram em uma delegacia desativada no distrito Jaracatiá, a quatro quilômetros do centro da cidade.
Eles ocuparam o local há três meses. A mudança foi autorizada pela administração do município, que despejou a família do terreno onde morava para construir um conjunto de casas populares. “O prefeito colocou a gente para morar aqui e como não tinha para onde ir, aceitamos mesmo sendo na delegacia”, lembra Lídia. “Eles devem ficar por mais seis meses na delegacia até as casas ficarem prontas. Depois serão transferidos para uma moradia popular”, explicou o secretário municipal de administração de Goioerê, José Vieira Neto.
Em frente ao cubículo onde os filhos de Lídia dormem, uma outra cela foi reaproveitada para guardar um balde furado, um guarda-chuva quebrado, uma bicicleta velha e pedaços de móveis. “Assim que o bebê nascer, vamos tirar tudo da cela, quebrar um pedaço da parede e colocar o berço”, conta Lídia.
Foi preciso fazer alguns ajustes no imóvel para que a família pudesse ocupar a delegacia, desativada há cinco anos. A comunicação entra a sala e a cozinha foi feita na marreta. “Abrimos um buraco na parede e estouramos um cadeado que estava em uma das grades”, conta Lídia. Tudo para dar um ar mais doméstico ao lugar.
Apesar das mudanças, a delegacia ainda assusta as meninas de Lídia. “Elas ouvem histórias contadas por moradores, de presos que passaram pela delegacia, e acordam assustadas durante a noite”, conta. A família ainda convive com piadas dos moradores antigos de Jaracatiá, mesmo nunca tendo problemas com a polícia. “Eles perguntam, em tom de brincadeira, o que fizemos para estar na delegacia”, diz. “Aceitei a delegacia por não ter onde morar”.
A antiga delegacia foi construída em 1994 com recursos do município de Goioerê durante a gestão do prefeito José Paulo Novaes. Foi desativada por falta de policiais militares para trabalhar na cidade. “O policial que trabalhava na delegacia se aposentou e ninguém mais foi trabalhar em Jaracatiá”, diz o sargento da PM de Goioerê, Manoel Ferreira dos Santos. Segundo o sargento, mesmo com a delegacia desativada, uma equipe de policiais faz a ronda no local. Para os moradores do pequeno distrito, o fechamento da delegacia não interfere na tranqüilidade do lugar. “A cidade é muito calma e não há necessidade de policiais ou da delegacia aberta”, diz o agricultor Amadeu Aparecido das Neves, de 68 anos.
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