22.2.08

Pesebem - O fiel da balança

Luiz Carlos Rizzo

Fazer com que o criador receba pelo valor correspondente à pesagem do lote abatido é a principal proposta do programa Pesebem

Será que eu fui roubado?
Esta é a dúvida que o pecuarista leva para a cama, tira-lhe o sono e o faz levantar na manha seguinte com uma baita olheira. Porém, quando ele entregar seus animais nas unidades de Paiçandu e Nova Londrina, do Frigorífico Mercosul, a preocupação não mais tem razão de existir.
Parceria entre Faep, Sindicato Rural de Maringá e Frigorífico Mercosul já viabilizou o programa Pesebem nesta empresa. Consiste no funcionamento simultâneo de duas balanças para pesagem da carcaça: uma do frigorífico e outra do criador. Em caso de dúvida, vale o que indicar a balança do Pesebem, que representa os pecuaristas.
Tudo é feito com muito rigor. No dia em que ocorre abate, um fiscal do Inmetro comparece ao frigorífico para aferir as duas balanças que, rigorosamente, são iguais em tudo.
Um detalhe: a balança do criador, controlada pelo funcionário contratado pelo sindicato, é lacrada e inviolável. As duas balanças – colocadas uma ao lado da outra – operam pelo mesmo sistema, porém, com equipamentos totalmente separados. Isto faz toda a diferença. Não por acaso que o slogan do programa Pesebem diz claramente: “duas balanças, uma certeza”.
Os equipamentos que compõem o sistema Pesebem funcionam eletronicamente. As carcaças passam primeiramente pela “Balança do Pecuarista”. Na seqüência, o peso é transferido para um computador que dispõe de software desenvolvido pela Federação da Agricultura de Goiás. Idêntico processo é realizado de forma simultanea pela balança do frigorífico, a qual registra os pesos das carcaças no computador. Ao final, é emitido relatório destinado ao produtor. Se ele não estiver no momento para acompanhar a pesagem, lhe é enviado um relatório completo pelo correio.

O criador desembolsa apenas um real por carcaça pesada. A adesão, claro, é voluntária. O dinheiro serve para pagamento do balanceiro e manutenção do programa.
Segundo Renan Zanoni, contratado pela sindicato como balanceiro dos criadores, até agora cerca de seis mil carcaças foram pesadas nas duas balanças. O sistema funciona desde o final do ano passado.

Fim da Lei do Gerson
O presidente do Sindicato Rural de Maringá, José Antônio Borghi, diz que, numa relação comercial moderna e ética, não existe espaço para a lei do Gerson. Aquela que trata do “levar vantagem em tudo”. Há que se fazer o jogo do ganha-ganha. Todos os lados, ao final da negociação, precisam sentir-se satisfeitos e recompensados.
Borghi faz um apelo para que os criadores que entregarem os bovinos no Frigorífico Mercosul não deixem de utilizar a balança do Pesebem que, a rigor, pertence aos próprios pecuaristas. “A visibilidade garante a credibilidade da iniciativa,” comenta.
Segundo Ágide Meneguette, presidente da Faep, o programa é uma iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), juntamente com as federações estaduais da agricultura, como a FAEP. Para o frigorífico, também é importante manter seu fornecedor desde que este tenha confiança de que prevalece a ética na pesagem do animal vendido.
O responsável pela compra e extensão rural do Frigorífico Mercosul, Rogério Dalla Rosa, afirma não existir mais espaço para as empresas do setor que “roubam o pecuarista na pesagem”. Ele garante que seu frigorífico defende os princípios de transparência, credibilidade, segurança e idoneidade.
O interessado em participar do Programa pode procurar o Sindicato Rural de Maringá para assinar um termo de permissão para acompanhamento da pesagem dos seus animais. Telefone : 3220-1550.