11.2.08

Se Maringá fosse:

VALCIR MARTINS

Uma cidade administrada como uma empresa, tendo como cotistas a totalidade de seus habitantes, com partes iguais no capital social. Se a Câmara Municipal fizesse o papel de Conselho Fiscal e Consultivo dessa empresa, fosse composta por 15 pessoas selecionadas dentre as mais probas, capacitadas moral e intelectualmente, com formação e conhecimentos em direito, administração, economia, contabilidade, com assessores especializados (30 no máximo);
Se dentre os mais de trezentos mil habitantes, pelo menos vinte mil formassem um conselho fiscalizador dos dois poderes, cobrando e mobilizando os demais para fiscalizar o tudo, denunciando o que estivesse errado e suspeito. Como seria? 
Será que construiríamos uma ciclovia como a da Mandacaru? Será que não concluiríamos que a obra é cara e, se não totalmente desnecessária, já que não se tem notícia de acidentes e grande volume de ciclistas utilizando, pelo menos não é prioritária?
Será que investiríamos R$ 14 milhões de uma só vez no rebaixamento da iluminação pública na cidade? Ou faríamos aos poucos, após estudos, e chegaríamos à conclusão que existem áreas em que o rebaixamento não é necessário.
Se Maringá fosse administrada visando igualmente o bem dos seus habitantes, sem favorecimentos, sem interesses políticos não claros, sem visar as próximas eleições, será que os recursos de mídia priorizariam mais na informação ou na promoção? 
Será que aceitaríamos verbas do PAC para o desfavelamento do Santa Felicidade, ou seja, para desalojamento de moradores não tão bem aceitos por vizinhos mais ricos? 
Ah! Se o Prefeito tivesse que prestar contas e fosse efetivamente cobrado por todos os cotistas da grande empresa chamada Município de Maringá. Será que admitiria tantos cargos comissionados? Será que não concluiria que pelo menos 50% deles são dispensáveis? 
Se fossem ouvidos todos os sócios. Será concordariam em desembolsar, do faturamento da empresa, cerca de R$ 350 mil mensais para subsidiar o ‘barateamento’ da passagem de ônibus, e manutenção do passe do estudante, ou voltaríamos à situação anterior, onde a Prefeitura nada despendia? Será que achariam racional o novo Plano de Saúde dos Funcionários, e o custo de cerca de R$ 500 mil mensais? 
Sei que é utopia, por enquanto, mas como gostaria que não só Maringá, mas o Brasil fosse administrado como uma grande empresa em que todos os habitantes tivessem os mesmos direitos aos serviços. Que houvesse fiscalização rigorosa e punição contra os desvios e corrupção. Que as desigualdades sociais fossem apenas decorrência do maior ou menor esforço de cada um.

VALCIR MARTINS, Administrador, Maringá-PR