José Jorge Abrão
José Jorge Abrão relata em uma entrevista para o caderno especial de O Diário em 1997, quando Maringá completava o 50º aniversário:
CHEGADA
“Acompanhado de meus pais, saimos de Minas, numa viagem direta de trem até Apucarana. Dali mudamos para Mandaguari, residindo até os últimos meses de 1943, mudando neste final de ano para Maringá.
Enquanto morávamos em Mandaguari, meu pai José Jorge Abrão, sempre que vinha até Maringá com interesse de comprar algumas terras. Aqui ele construiu uma casa.
Quando mudamos, viajamos de Mandaguari à Maringá, num caminhão movido a gasogênio, trazendo toda nossa mudança.
Nós nos instalamos na casa que papai construiu. Ela ficava na Avenida Brasil, no Maringá Velho. Na época era apenas uma rua comum, com algumas casas de comércio”.
CINEMA
“Logo em seguida, meu pai construiu o Cine Primor. Para a população foi uma grande alternativa para diversão. Ali eu ajudava na projeção das fitas e também trabalhava na bilheteria. Em cada sessão a casa ficava sempre lotada, pois era o primeiro cinema da cidade. Os melhores filmes da época eram os bang-bang, seguido de filmes de séries, com capítulos semanais.
Em 1949, esta casa de diversões foi devorada por um incêndio que levou junto diversas casas de comércio que ficavam próximas”.
SÌTIO
“Nas vidas de meu pai até Maringá, isto quando ainda estávamos em Mandaguari, lê havia realizado diversas compras, a primeira foi o terreno que construiu a casa que estávamos morando, a segunda foi o terreno para o construção do cinema e a terceirafoi o sitio que ficava na Estrada Guaiapó. Este sítio tinha 20 alqueires de mata bruta.
Para realizar seu sonho, papai contratou pessoas que trabalhavam com lavoura de café.
Primeiramente ele mandou desmatar toda a área. Em seguida manteve um viveiro de mudas de café para depois começar a formação do cafezal.
Junto ao cafezal ele mantinha o plantio de feijão, arroz, trigo e milho, além de uma pequena área com verduras, mandioca, banana e um palmital.
A primeira floração e colheita do café aconteceu em 1948, com boa safra.
Todo café colhido, nós vendíamos para as cafeeiras de Mandaguari e Apucarana, pois Maringá ainda não contava com estas máquinas de torrefações. Mais tarde é que o progresso pôde contar com esta melhoria, onde os produtoresmantinham suas vendas”.
COMÈRCIO
“Na época que chegamos em Maringá, eu ainda era garoto de 14 anos, mas admirava muito o trabalho de meu pai. Ele pensava em tudo. Montou a casa para nos instalarmos, construiu o cinema, comprou um sítio e também montou uma casa de comércio, como forma de renda.
A casa de comércio era de secos e molhados, de onde tirávamos a nossa sobrevivência e ao mesmo tempo, mantinha os filhos trabalhando, pois a vida para ninguém era fácil. Nesta casa de comércio, nós tínhamos como vizinhos, os comerciantes Ângelo Planas, Davi Rabelo, Mário Jardim (farmacêutico), a casa de Calçados Bonézio e o comerciante Antônio Carniel.
Na área do sítio, nossos vizinhos eram as famílias Marin (hoje, donos da Marmoraria Marin) e a família Tagushi”, finalizou o pioneiro Jorge Abrão.
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