Os “chapa-branca”
O governo Requião, definitivamente, não é sério. Disposto a fazer valer a qualquer custo a sua licitação para as verbas de propaganda, o Estado realizou às pressas o pregão público. Evidentemente que se trata de uma falcatrua. Como era previsível, apenas um consórcio, formado justamente pelas oito empresas de comunicação aliadas do governador, participou da concorrência. E venceu. Agora, os jornais, todos pequenos e sem comprovação de tiragem e circulação, por mera docilidade ao poder, esperam receber ainda este ano R$ 12 milhões. A chamada turma “chapa-branca”, que hoje é pautada para elogiar Roberto Requião, sorri feliz da vida. Entretanto, vale ressaltar que a Justiça, quando chamada a revisar a questão, certamente dará um basta à farra hoje promovida com o dinheiro público. Não é possível que tamanho absurdo se sustente de pé.
Quem são
Os jornais amigos do rei, que afagam o governo em troca de agrados financeiros, são os pouco conhecidos Hora H News e Diário Popular, de Curitiba, e os veículos exclusivamente regionais Tribuna do Norte (Apucarana), Jornal da Manhã (Ponta Grossa), Jornal Hoje (Maringá), Umuarama Ilustrado (Umuarama), Gazeta do Paraná (Cascavel) e Diário do Sudoeste (Pato Branco). Em tempo: nenhum deles está filiado a qualquer instituto verificador de circulação.
Prejuízo
A má-fé do governo é tão grosseira que, na prática, Requião se mostra despreocupado em atender ao óbvio, que é dar visibilidade aos seus próprios editais. Ao publicá-los em veículos que pouca gente lê, ele ofende a ética e a probidade e ainda escracha com os princípios mais elementares da administração pública.
Exclusão
A cada dia, torna-se cada vez mais evidente que todo o processo licitatório estatal foi dirigido com o intuito de excluir os grandes veículos paranaenses, que, curiosamente, mantêm uma linha crítica aos desmandos promovidos pelo ocupante do Cangüiri. Hoje, apenas os jornais O Estado do Paraná, Tribuna do Paraná, Gazeta do Povo e Folha de Londrina são filiados ao IVC, o principal órgão brasileiro para atestar o alcance dos impressos.
Ridículo
A pilhéria do governo é tão escancarada que o secretário da Comunicação, Airton Pisseti, sustenta que os dados do IVC são irrelevantes porque opróprio Estado fará a auditoria da circulação. Um escândalo. A análise da tiragem a posteriori, além de ilegal, já nasce sob suspeição. É algo como a raposa cuidar do pintinhos, das galinhas e dos frangotes.
Para entender
No modelo de “concorrência” pisseti-requianista, bastou para a comprovação de que o consórcio licitante possuía qualificação técnica para prestação do serviço de publicação uma simples declaração dos próprios donos dos jornais sobre o assunto. Ética, comprovadamente, não se compra na esquina.
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