13.6.08

Aumento por porcentagem, o grande equívoco

JOÃO CARUANA

Esta polemica que surgiu na Câmara, o debate que houve e seguiu - para o bem da verdade fruto do posicionamento que o vereador Humberto Henrique (PT) tomou na Comissão do Orçamento onde ele serve como vice-presidente e recusou simplesmente carimbar que chegou em frente da Comissão - deve nos levar para enxergar melhor a injustiça intrínseca no sistema salarial no Brasil de tentar solucionar o problema da inflação dando aumento por porcentagem - deu 10% de inflação por exemplo, então dá 10% de aumento a tudo mundo! Um sistema totalmente equivocado. Por que?
Porque o que acontece é o seguinte: eu ganho 1.000 reais por mês e você 500 - uma diferença de 500 reais entre nós dois. Agora os dois recebemos 10% de aumento, e o que aconteça? Eu passo para ganhar 1100 reais e você 550: ou seja em nome da inflação a diferença ente nós dois aumentou com 50 reais mensal - 600 reais ano!
E noutro nível, a diferença entre eu que ganhava 1000 reais e o vereador que ganhava diríamos 4.000 reais, os dois recebendo 10% de aumento a diferença entre os dois passou a crescer de 3.000 a 3.300 reais - 300 reais a mais mensais ou 3.600 no ano!Agora deixa isto acontecer - como deixamos - para 20 ou 30 anos - e você teria a injustiça institucionalizada no sistema salarial que temos no Brasil! (Relendo o que estamos dizendo com papel e lápis na mão você vai entender melhor).
Por que falo do “grande equívoco no Brasil? Porque vários outros paises resolveram este equívoco uns 30 anos atrás começando com a Inglaterra, que de um lado é o berço do imperialismo e do outro lado é o berço do socialismo! Tem duas caras - como era intitulada a mais recente novela! Eles introduziram o que é chamado no mundo sindical e empresarial o “flat rate”! Outro tipo de matemática.
Para concluir, eu quero sugerir ao Humberto, que mostrou seriedade total na preparação ao debate, que se ele vê algum valor em que estamos dizendo, de ir mais ao fundo no problema, chama pessoal da Dieese abre um debate juntos com os sindicatos e partidos interessados, e vê onde chega.
Como dá para ver, a raiz desse problema e a solução dele vão além do nosso município. Mas nada impede que a discussão que precisa começa do nosso município! Temos menos de 1.000 dias do Governo Lula! Se o país não discute este problema que outros países solucionaram uns 30 anos atrás agora, vamos ficar enrolados nesta injustiça institucionalizada por mais várias gerações!