Operação Kata-rico
CLÁUDIO MARQUES DA SILVA
A operação da Polícia Federal foi perfeita. O nome é que ficou meio complicado, mas o povão já a batizou de operação “kata-rico”. Foi fantástica. Atendeu todos os requisitos de uma sociedade democrática. Algemas foram distribuídas sem distinção de cor ou classe social. Atendeu também ao sistema de cotas. Em quase duas dezenas de presos brancos havia um negro. Nenhum movimento afro protestou. Atendeu ainda aqueles que defendem as cotas sociais. Um pobre porteiro foi detido porque se recusou a abrir o portão. Espero que o corrupto patrão lhe garanta o emprego por sua fidelidade. Percebemos ainda que não é aconselhável Juízes e Ministros concederem entrevistas sem dispor do conhecimento completo do episódio. Enquanto a rede Globo trazia ao conhecimento dos telespectadores a fala dos investigados dizendo que era para subornar os Delegados porque, no STJ e no STF era “tranqüilo”, o Ministro Gilmar Mendes concedia entrevistas criticando a operação. Ficou mal, muito mal para o Presidente do STF. Ainda que a liberação dos presos tenha ocorrido na mais estrita legalidade, o “estrago” já foi feito. O silêncio e a prudência são as armas dos sábios. Não vejo razões para tão exasperadas críticas à ação da Polícia Federal. As algemas não são colocadas no preso para humilhá-lo, mas com a intenção única de dar segurança aos policiais e ao próprio preso. Ao receber voz de prisão, o cidadão pode se desesperar e agir das mais variadas formas. Perder a voz, os reflexos, perder os sentidos, ou então, agir com extrema violência devido a surpresa do triste “evento”, neste caso estará tão próximo dos Policiais que facilmente poderá ter acesso a uma arma. As algemas existem e são usadas para prevenir tragédias. Interessante que nas prisões de pessoas pobres ninguém contesta a utilização de algemas ou as filmagens que são efetuadas. Presos pobres quando são entrevistados por repórteres de programas policiais quase são obrigados a literalmente “engolir” o microfone, e não há uma manifestação contrária ao ato, que é ilegal. Devagar, com a ajuda da Polícia, o Brasil vai progredindo no cumprimento da Constituição que estabelece a igualdade de todos perante a Lei. Pena que crimes de ricos sejam sempre considerados inofensivos para a sociedade. Ninguém espera um dia ver Daniel Dantas de arma na mão roubando velhinhas indefesas. Isto é crime de pobre, mas se analisarmos bem, os crimes dos Danieis, Najis e Pitas são bem mais perniciosos para a sociedade, basta ver a ousadia com que tentaram corromper o Delegado Federal. Mesmo assim, foram libertados. Interessante que se o mesmo critério fosse adotado com relação aos detentos pobres não teríamos problemas de superlotação nos presídios deste país. Lamentável.
Cláudio Marques da Silva
Delegado de Polícia Estadual
Membro do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos
e-mail-delegadomarques@hotmail.com
A operação da Polícia Federal foi perfeita. O nome é que ficou meio complicado, mas o povão já a batizou de operação “kata-rico”. Foi fantástica. Atendeu todos os requisitos de uma sociedade democrática. Algemas foram distribuídas sem distinção de cor ou classe social. Atendeu também ao sistema de cotas. Em quase duas dezenas de presos brancos havia um negro. Nenhum movimento afro protestou. Atendeu ainda aqueles que defendem as cotas sociais. Um pobre porteiro foi detido porque se recusou a abrir o portão. Espero que o corrupto patrão lhe garanta o emprego por sua fidelidade. Percebemos ainda que não é aconselhável Juízes e Ministros concederem entrevistas sem dispor do conhecimento completo do episódio. Enquanto a rede Globo trazia ao conhecimento dos telespectadores a fala dos investigados dizendo que era para subornar os Delegados porque, no STJ e no STF era “tranqüilo”, o Ministro Gilmar Mendes concedia entrevistas criticando a operação. Ficou mal, muito mal para o Presidente do STF. Ainda que a liberação dos presos tenha ocorrido na mais estrita legalidade, o “estrago” já foi feito. O silêncio e a prudência são as armas dos sábios. Não vejo razões para tão exasperadas críticas à ação da Polícia Federal. As algemas não são colocadas no preso para humilhá-lo, mas com a intenção única de dar segurança aos policiais e ao próprio preso. Ao receber voz de prisão, o cidadão pode se desesperar e agir das mais variadas formas. Perder a voz, os reflexos, perder os sentidos, ou então, agir com extrema violência devido a surpresa do triste “evento”, neste caso estará tão próximo dos Policiais que facilmente poderá ter acesso a uma arma. As algemas existem e são usadas para prevenir tragédias. Interessante que nas prisões de pessoas pobres ninguém contesta a utilização de algemas ou as filmagens que são efetuadas. Presos pobres quando são entrevistados por repórteres de programas policiais quase são obrigados a literalmente “engolir” o microfone, e não há uma manifestação contrária ao ato, que é ilegal. Devagar, com a ajuda da Polícia, o Brasil vai progredindo no cumprimento da Constituição que estabelece a igualdade de todos perante a Lei. Pena que crimes de ricos sejam sempre considerados inofensivos para a sociedade. Ninguém espera um dia ver Daniel Dantas de arma na mão roubando velhinhas indefesas. Isto é crime de pobre, mas se analisarmos bem, os crimes dos Danieis, Najis e Pitas são bem mais perniciosos para a sociedade, basta ver a ousadia com que tentaram corromper o Delegado Federal. Mesmo assim, foram libertados. Interessante que se o mesmo critério fosse adotado com relação aos detentos pobres não teríamos problemas de superlotação nos presídios deste país. Lamentável.
Cláudio Marques da Silva
Delegado de Polícia Estadual
Membro do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos
e-mail-delegadomarques@hotmail.com
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