Crise
TRECHOS DA ENTREVISTA DE PAUL KRUGMAN AO CLARIN DE 16/12/08.
- Em comparação com outras crises, quão grande é a presente crise?
PK: É enorme! E estou preocupado. Os economistas, que pensam que é um fenômeno interessante, são como um médico que diz “como é lindo o tumor”. Sem uma adequada política econômica pode ser pior do que a dos 30.
- Em que esta crise se diferencia da dos anos 30?
PK: Temos mais conhecimento sobre economia, mas principalmente estamos mais bem preparados. Não há ditaduras nacionalistas ou fascistas e a coordenação e o entendimento democrático estão consolidados.
- Qual a origem desta crise?
PK: Um sistema financeiro paralelo, que resulta de negócios do banco, mas sem os regulamentos do tradicional “banco de mármore”. Culpo-me de não ter detectado em tempo e hoje vemos uma corrida bancária, mas, em lugar de aparecerem pessoas fazendo fila nas ruas, estão fazendo click com o mouse.
- Qual é hoje o pior cenário para os países desenvolvidos?
PK: No curto prazo, poderíamos ver a repetição do cenário japonês dos anos 90: baixas taxas de juros, investimento nulo, deflação e estagnação. Já vimos que, nesses casos, baixar a taxa de juros não é suficiente, a política monetária não tem efeito.
- Que medidas de política são as adequadas?
PK: Muitos países atuam de maneira adequada com programas fiscais expansivos. Mas não está claro sobre como investir de modo mais eficiente o dinheiro do contribuinte. Na verdade, dado o nível de comércio, importante é que as medidas sejam coordenadas, pois, do contrário, corre-se o risco de que ninguém queira adotá-las. Se sobem os gastos na França, uma grande parte de tais gastos se destina a produtos alemães. Os franceses terão dúvidas de tomar essas medidas, a menos que os alemães façam o mesmo. E os alemães não estão cooperando.
- Porém, você não se preocupa com os elevados déficits que detém os EUA, não lhe preocupam os déficits causados por estes programas? E por quanto tempo temos de levá-los adiante?
PK: Nos EUA, se fala em destinar cerca de 4% do PIB este ano e de 7% a 8% do próximo. Goldman Sachs prevê que o PIB poderia cair cerca de 9%. 4%, assim, é um preço barato. Se o desemprego chegar aos dois dígitos, 12 milhões de norte-americanos ficarão abaixo da linha de pobreza e 10 milhões sem cobertura médica.
- Em comparação com outras crises, quão grande é a presente crise?
PK: É enorme! E estou preocupado. Os economistas, que pensam que é um fenômeno interessante, são como um médico que diz “como é lindo o tumor”. Sem uma adequada política econômica pode ser pior do que a dos 30.
- Em que esta crise se diferencia da dos anos 30?
PK: Temos mais conhecimento sobre economia, mas principalmente estamos mais bem preparados. Não há ditaduras nacionalistas ou fascistas e a coordenação e o entendimento democrático estão consolidados.
- Qual a origem desta crise?
PK: Um sistema financeiro paralelo, que resulta de negócios do banco, mas sem os regulamentos do tradicional “banco de mármore”. Culpo-me de não ter detectado em tempo e hoje vemos uma corrida bancária, mas, em lugar de aparecerem pessoas fazendo fila nas ruas, estão fazendo click com o mouse.
- Qual é hoje o pior cenário para os países desenvolvidos?
PK: No curto prazo, poderíamos ver a repetição do cenário japonês dos anos 90: baixas taxas de juros, investimento nulo, deflação e estagnação. Já vimos que, nesses casos, baixar a taxa de juros não é suficiente, a política monetária não tem efeito.
- Que medidas de política são as adequadas?
PK: Muitos países atuam de maneira adequada com programas fiscais expansivos. Mas não está claro sobre como investir de modo mais eficiente o dinheiro do contribuinte. Na verdade, dado o nível de comércio, importante é que as medidas sejam coordenadas, pois, do contrário, corre-se o risco de que ninguém queira adotá-las. Se sobem os gastos na França, uma grande parte de tais gastos se destina a produtos alemães. Os franceses terão dúvidas de tomar essas medidas, a menos que os alemães façam o mesmo. E os alemães não estão cooperando.
- Porém, você não se preocupa com os elevados déficits que detém os EUA, não lhe preocupam os déficits causados por estes programas? E por quanto tempo temos de levá-los adiante?
PK: Nos EUA, se fala em destinar cerca de 4% do PIB este ano e de 7% a 8% do próximo. Goldman Sachs prevê que o PIB poderia cair cerca de 9%. 4%, assim, é um preço barato. Se o desemprego chegar aos dois dígitos, 12 milhões de norte-americanos ficarão abaixo da linha de pobreza e 10 milhões sem cobertura médica.
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