Mais vale perder um minuto na vida....
Vivo em Maringá, cidade que possui orientações e duras penas para quem não obedece as faixas de “prioridade” aos pedestres.
Meu marido fica profundamente irritado quando tem que atravessar a rua para ir ao supermercado. Sempre aviso: Não atravesse a faixa até que os motoristas das duas mãos parem completamente.
Sei que há muitos motoristas civilizados em nossa cidade. Mas, basta um, menos cuidadoso, para tirar a vida de meu marido. Ele segue em mínimos detalhes as orientações da direção “defensiva”. Em nove anos de casamento nunca vi meu marido buzinar ou agir como um “animal” no trânsito. É a pessoa mais gentil que conheço. Em certas situações dizia: Se estivesse no volante daria uma buzinada para esse babaca. E ele dizia: “Isso faria de você uma babaca também”.
Aprendi a segurar minha fúria, especialmente quando estou com meu marido ao lado, com minha mãe, sobrinhas pequenas e amigas queridas. Quanto estou na direção, tenho consciência que essas vidas, estão sob minha responsabilidade. Penso sempre: é preferível perder um minuto, que perder essas vidas num segundo. Isso soa hoje, como uma reza para mim.
Desenvolvi o prazer da “direção defensiva”; aquela que colabora para a fluência solidária no trânsito. Hoje sou consciente que o espaço do trânsito não é individual. É espaço coletivo onde acontecem trocas bonitas de gentilezas. Nesse espaço, cada um tem a oportunidade de revelar o que há de melhor de si; ajudando, inclusive pessoas que acreditam equivocadamente, que uma fração de segundos recompensará o “pecado” de sair atrasado de casa.
Em Maringá Diego Knupp, que sofreu um acidente de moto, foi a 64ª vítima mortal de nosso trânsito. Morreu em decorrência de problemas causados pelo acidente. A 65ª vítima da violência no trânsito maringaense foi Cláudio Elias Fernandes. Ele, sua esposa e sua filha de 5 anos, saíram para comemorar seu aniversário de 41 anos. Ao descer do carro, foi atropelado por uma motocicleta, conduzida por alguém que trafegava muito acima da velocidade e com as luzes apagadas.
Pouco se soube de Elias. A não ser que era pai e marido amoroso, que sustentava a família com seu carinho de cachorro quente. Comemorar o aniversário numa pizzaria da Avenida Cerro Azul, uma das mais lindas avenidas da cidade, talvez fosse um sonho de Elias. Sonho, frustrado com todos os requintes da “ignorância” de alguém que simplesmente não pensou que: “mais vale perder um minuto na vida que matar alguém num segundo...”
É absolutamente errôneo pensar que os casos dramáticos de mortes no trânsito são culpa dos gestores públicos. É sim, resultado da falta de educação, senso de cidadania e total falta de compreensão ética/espiritual sobre o valor de uma vida.
Conheço pessoas com senso espiritual tão grandioso que não comem carne e nem compram rosas cortadas, por entenderem que a vida deve seguir o curso natural de nascer, crescer, envelhecer e morrer; naturalmente...
Eu como carne, adoro receber rosas; mas acredito que os seres humanos possuem o direito inalienável de morrer naturalmente, como as flores.
Se você pensa assim, dirija pensando que o pedestre é um amigo muito querido, seu filho ou ainda o amor de sua vida, cuja morte, lhe tiraria todo sentido de existir.
Lembre-se mais vale perder um minuto na vida que matar uma vida num segundo.
___________
Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática e articulista
Meu marido fica profundamente irritado quando tem que atravessar a rua para ir ao supermercado. Sempre aviso: Não atravesse a faixa até que os motoristas das duas mãos parem completamente.
Sei que há muitos motoristas civilizados em nossa cidade. Mas, basta um, menos cuidadoso, para tirar a vida de meu marido. Ele segue em mínimos detalhes as orientações da direção “defensiva”. Em nove anos de casamento nunca vi meu marido buzinar ou agir como um “animal” no trânsito. É a pessoa mais gentil que conheço. Em certas situações dizia: Se estivesse no volante daria uma buzinada para esse babaca. E ele dizia: “Isso faria de você uma babaca também”.
Aprendi a segurar minha fúria, especialmente quando estou com meu marido ao lado, com minha mãe, sobrinhas pequenas e amigas queridas. Quanto estou na direção, tenho consciência que essas vidas, estão sob minha responsabilidade. Penso sempre: é preferível perder um minuto, que perder essas vidas num segundo. Isso soa hoje, como uma reza para mim.
Desenvolvi o prazer da “direção defensiva”; aquela que colabora para a fluência solidária no trânsito. Hoje sou consciente que o espaço do trânsito não é individual. É espaço coletivo onde acontecem trocas bonitas de gentilezas. Nesse espaço, cada um tem a oportunidade de revelar o que há de melhor de si; ajudando, inclusive pessoas que acreditam equivocadamente, que uma fração de segundos recompensará o “pecado” de sair atrasado de casa.
Em Maringá Diego Knupp, que sofreu um acidente de moto, foi a 64ª vítima mortal de nosso trânsito. Morreu em decorrência de problemas causados pelo acidente. A 65ª vítima da violência no trânsito maringaense foi Cláudio Elias Fernandes. Ele, sua esposa e sua filha de 5 anos, saíram para comemorar seu aniversário de 41 anos. Ao descer do carro, foi atropelado por uma motocicleta, conduzida por alguém que trafegava muito acima da velocidade e com as luzes apagadas.
Pouco se soube de Elias. A não ser que era pai e marido amoroso, que sustentava a família com seu carinho de cachorro quente. Comemorar o aniversário numa pizzaria da Avenida Cerro Azul, uma das mais lindas avenidas da cidade, talvez fosse um sonho de Elias. Sonho, frustrado com todos os requintes da “ignorância” de alguém que simplesmente não pensou que: “mais vale perder um minuto na vida que matar alguém num segundo...”
É absolutamente errôneo pensar que os casos dramáticos de mortes no trânsito são culpa dos gestores públicos. É sim, resultado da falta de educação, senso de cidadania e total falta de compreensão ética/espiritual sobre o valor de uma vida.
Conheço pessoas com senso espiritual tão grandioso que não comem carne e nem compram rosas cortadas, por entenderem que a vida deve seguir o curso natural de nascer, crescer, envelhecer e morrer; naturalmente...
Eu como carne, adoro receber rosas; mas acredito que os seres humanos possuem o direito inalienável de morrer naturalmente, como as flores.
Se você pensa assim, dirija pensando que o pedestre é um amigo muito querido, seu filho ou ainda o amor de sua vida, cuja morte, lhe tiraria todo sentido de existir.
Lembre-se mais vale perder um minuto na vida que matar uma vida num segundo.
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Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática e articulista
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