Teatro de Maringá
JOHN VAZ
No último dia 28 de novembro realizei no belo teatro Barracão o espetáculo maçônico D. Pedro I no projeto Convite ao Teatro.
Percebi que além de belo esteticamente, o espaço é bem conservado e limpo, com excelentes equipamentos de som e luz, coisa rara de encontrar pelos inúmeros municípios brasileiros que realizo este espetáculo, Maringá está de parabéns. Mas, observei certas coisas que devem ser levadas em consideração. Cheguei às 14h para gravar um VT com a TV Cultura (Globo) e encontrei os repórteres se abanando perguntando se demoraria pra começar. O teatro é simplesmente uma sauna! Impossível de se fazer alguma peça infantil ali. As crianças iriam fritar!
No camarim, com belo espelho e inúmeros bocais para iluminação, nenhuma lâmpada sequer. A maquiagem era pra ser feita sem luz de camarim, apenas a geral. Sem falar que a cada segundo, o suor descia do rosto, atrapalhando a caracterização. À noite após o espetáculo, 3 espectadores que participam como voluntários na peça passaram mal de calor, eu, empapado obviamente fiquei irritado com isso. Ao fazer o debate com a platéia após a peça, obviamente que tinha a obrigação como ator e cidadão brasileiro em fazer esta observação. Teatro sem ar condicionado? Uma pena que existia pessoas mal intencionadas na platéia, que imediatamente correram para dizer a secretária de cultura que eu estava falando mal do espaço, estas pessoas não ouviram todo o discurso, não ouviram meus elogios ao espaço, ao projeto de formação de platéia e da acertada política cultural que a secretária desenvolve no município, uma pena. O pior é, como se diz no RJ, entrar na pilha. A ilustre secretária ficou inconformada com tais críticas, dizendo coisas que não tinha nada a ver, chegando a dizer que se dependesse dela eu jamais voltaria a Maringá. Lamentável a falta de estrutura emocional, ameaçar perseguir um artista porque cometi o simples crime de falar o óbvio. Sem dúvidas que ações assim eram próprias da ditadura, que felizmente não existem mais, mas saem os pais, ficam os filhotes. Meu espetáculo foi trazido para o município pela Sociedade Civil Organizada que ofereceu de graça sem custos a Prefeitura a peça. Ou seja, não dependi dela pra vir a Maringá. Francamente, não a conheço, não sei qual seu partido, nada tenho de pessoal. Não sou obrigado a passar mal de calor, ver o público e equipe de imprensa se abanando e ficar calado só para não incomodar os ouvidos de A ou B. Ser gestor público só para ouvir elogios, não dá. Quem é, tem que estar preparado para ouvir sim, sugestões, críticas e observações construtivas de seu povo e de seus visitantes, pois o prefeito, seus secretários nada mais são do que servidores do município, ou seja, empregados nº 1 do Povo e eles tem a obrigação de adotar políticas públicas para a maioria e ouvir o que o povo pensa, sugere e critica. Ouvir o povo é exercitar a democracia, é melhorar o atendimento ao público e fazer o cidadão feliz.
Citando outro município no Estado do RJ onde a secretária de Cultura não emplacava projetos, até mesmo de reforma do teatro, porque a comissão de cultura era contra a sua gestão e por isso brecava suas ações. O caminho diante de uma briga como essa é colocar a opinião pública contra esta comissão que não deixa a secretária trabalhar como deve. Vá aos jornais, denuncie ao Ministério Publico Estadual, lidere marchas e protestos nas ruas contra grupos que defendem interesses próprios, pois o interesse público esta acima do interesse privado. Isso foi feito no RJ, isso foi feito por mim, quando administrei por 8 anos um teatro do Governo Federal. O povo não quer saber de brigas internas, quer é o ar condicionado no teatro!
Sobre o projeto de Maringá Convite a Dança, Música e ao Teatro eu acho que é louvável e digno de aplausos, é muito bom sim, mas penso que pode ser ainda melhor. Segue então uma sugestão ao Município. As 150 pessoas presentes todas as sextas-feiras no teatro, são um público formado por esta linda iniciativa em promover espetáculos gratuitos para o cidadão de Maringá. Essas pessoas onde estiverem, em qualquer País ou Estado, além de visitar pontos turísticos irão, com certeza, saber também qual é a produção cultural local. É uma vitória acertada a política da cidade, que pode ser ainda melhor... senti falta na platéia da presença do povo, do filho do gari, do pedreiro, da empregada doméstica... Essas pessoas por terem sido por gerações oprimidas e excluídas dos acessos aos bens de consumo culturais, quando estão diante de um lindo projeto como esse, simplesmente não vão. Por quê? Por exatamente se sentirem excluídos, discriminados pelo sistema que sempre deu privilégios a elite burguesa. Essas pessoas são carentes de tudo: atenção, carinho, moradia digna, escola,... Penso que podemos incluir a presença do povo nas salas de teatro, incluindo outros setores da máquina pública para gentilmente convidar o povo a participar. A premiada gestão do secretário de Saúde de Maringá pode espalhar cartazes do projeto nos corredores dos postos e hospitais, o médico pode dizer ao seu paciente: o senhor está de alta pode ir pra casa, mas, porque não vai sexta-feira ao teatro? Leve sua esposa e seus filhos. Eu também estarei lá com minha família. O mesmo na Defensoria Pública e nas escolas. A professora, em sala de aula, diz aos seus alunos... Hoje todos juntos vamos ao teatro! Leve seus pais, irmãos... é de graça!
Aí sim, é a inclusão do povo na formação de platéia, acredito que isso pode dar a Maringá destaque como a cidade com a maior média de público nas salas de teatro do país. O lindo projeto que é bom pode ficar ainda melhor.
Quero agradecer ao povo da bela cidade de Maringá que tão bem me recebeu, a Loja Maçônica Vera Lux nº 127 que trouxe este espetáculo e ofereceu ao município a apresentação gratuita no dia 28/11 sem custos para a Prefeitura e a com custo no dia 29/11 onde será revertido para a compra de brinquedos no Natal para crianças carentes. Parabenizo aos gestores públicos da cidade e espero que entendam que as observações, críticas e sugestões são para deixar ainda melhor o que já está muito bom.
Maringá, um grande abraço e até a próxima!
John Vaz é ator, diretor, jornalista e historiador
Contatos: j.vaz@hotmail.com
No último dia 28 de novembro realizei no belo teatro Barracão o espetáculo maçônico D. Pedro I no projeto Convite ao Teatro.
Percebi que além de belo esteticamente, o espaço é bem conservado e limpo, com excelentes equipamentos de som e luz, coisa rara de encontrar pelos inúmeros municípios brasileiros que realizo este espetáculo, Maringá está de parabéns. Mas, observei certas coisas que devem ser levadas em consideração. Cheguei às 14h para gravar um VT com a TV Cultura (Globo) e encontrei os repórteres se abanando perguntando se demoraria pra começar. O teatro é simplesmente uma sauna! Impossível de se fazer alguma peça infantil ali. As crianças iriam fritar!
No camarim, com belo espelho e inúmeros bocais para iluminação, nenhuma lâmpada sequer. A maquiagem era pra ser feita sem luz de camarim, apenas a geral. Sem falar que a cada segundo, o suor descia do rosto, atrapalhando a caracterização. À noite após o espetáculo, 3 espectadores que participam como voluntários na peça passaram mal de calor, eu, empapado obviamente fiquei irritado com isso. Ao fazer o debate com a platéia após a peça, obviamente que tinha a obrigação como ator e cidadão brasileiro em fazer esta observação. Teatro sem ar condicionado? Uma pena que existia pessoas mal intencionadas na platéia, que imediatamente correram para dizer a secretária de cultura que eu estava falando mal do espaço, estas pessoas não ouviram todo o discurso, não ouviram meus elogios ao espaço, ao projeto de formação de platéia e da acertada política cultural que a secretária desenvolve no município, uma pena. O pior é, como se diz no RJ, entrar na pilha. A ilustre secretária ficou inconformada com tais críticas, dizendo coisas que não tinha nada a ver, chegando a dizer que se dependesse dela eu jamais voltaria a Maringá. Lamentável a falta de estrutura emocional, ameaçar perseguir um artista porque cometi o simples crime de falar o óbvio. Sem dúvidas que ações assim eram próprias da ditadura, que felizmente não existem mais, mas saem os pais, ficam os filhotes. Meu espetáculo foi trazido para o município pela Sociedade Civil Organizada que ofereceu de graça sem custos a Prefeitura a peça. Ou seja, não dependi dela pra vir a Maringá. Francamente, não a conheço, não sei qual seu partido, nada tenho de pessoal. Não sou obrigado a passar mal de calor, ver o público e equipe de imprensa se abanando e ficar calado só para não incomodar os ouvidos de A ou B. Ser gestor público só para ouvir elogios, não dá. Quem é, tem que estar preparado para ouvir sim, sugestões, críticas e observações construtivas de seu povo e de seus visitantes, pois o prefeito, seus secretários nada mais são do que servidores do município, ou seja, empregados nº 1 do Povo e eles tem a obrigação de adotar políticas públicas para a maioria e ouvir o que o povo pensa, sugere e critica. Ouvir o povo é exercitar a democracia, é melhorar o atendimento ao público e fazer o cidadão feliz.
Citando outro município no Estado do RJ onde a secretária de Cultura não emplacava projetos, até mesmo de reforma do teatro, porque a comissão de cultura era contra a sua gestão e por isso brecava suas ações. O caminho diante de uma briga como essa é colocar a opinião pública contra esta comissão que não deixa a secretária trabalhar como deve. Vá aos jornais, denuncie ao Ministério Publico Estadual, lidere marchas e protestos nas ruas contra grupos que defendem interesses próprios, pois o interesse público esta acima do interesse privado. Isso foi feito no RJ, isso foi feito por mim, quando administrei por 8 anos um teatro do Governo Federal. O povo não quer saber de brigas internas, quer é o ar condicionado no teatro!
Sobre o projeto de Maringá Convite a Dança, Música e ao Teatro eu acho que é louvável e digno de aplausos, é muito bom sim, mas penso que pode ser ainda melhor. Segue então uma sugestão ao Município. As 150 pessoas presentes todas as sextas-feiras no teatro, são um público formado por esta linda iniciativa em promover espetáculos gratuitos para o cidadão de Maringá. Essas pessoas onde estiverem, em qualquer País ou Estado, além de visitar pontos turísticos irão, com certeza, saber também qual é a produção cultural local. É uma vitória acertada a política da cidade, que pode ser ainda melhor... senti falta na platéia da presença do povo, do filho do gari, do pedreiro, da empregada doméstica... Essas pessoas por terem sido por gerações oprimidas e excluídas dos acessos aos bens de consumo culturais, quando estão diante de um lindo projeto como esse, simplesmente não vão. Por quê? Por exatamente se sentirem excluídos, discriminados pelo sistema que sempre deu privilégios a elite burguesa. Essas pessoas são carentes de tudo: atenção, carinho, moradia digna, escola,... Penso que podemos incluir a presença do povo nas salas de teatro, incluindo outros setores da máquina pública para gentilmente convidar o povo a participar. A premiada gestão do secretário de Saúde de Maringá pode espalhar cartazes do projeto nos corredores dos postos e hospitais, o médico pode dizer ao seu paciente: o senhor está de alta pode ir pra casa, mas, porque não vai sexta-feira ao teatro? Leve sua esposa e seus filhos. Eu também estarei lá com minha família. O mesmo na Defensoria Pública e nas escolas. A professora, em sala de aula, diz aos seus alunos... Hoje todos juntos vamos ao teatro! Leve seus pais, irmãos... é de graça!
Aí sim, é a inclusão do povo na formação de platéia, acredito que isso pode dar a Maringá destaque como a cidade com a maior média de público nas salas de teatro do país. O lindo projeto que é bom pode ficar ainda melhor.
Quero agradecer ao povo da bela cidade de Maringá que tão bem me recebeu, a Loja Maçônica Vera Lux nº 127 que trouxe este espetáculo e ofereceu ao município a apresentação gratuita no dia 28/11 sem custos para a Prefeitura e a com custo no dia 29/11 onde será revertido para a compra de brinquedos no Natal para crianças carentes. Parabenizo aos gestores públicos da cidade e espero que entendam que as observações, críticas e sugestões são para deixar ainda melhor o que já está muito bom.
Maringá, um grande abraço e até a próxima!
John Vaz é ator, diretor, jornalista e historiador
Contatos: j.vaz@hotmail.com
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