O rebaixamento de uma cidade
PAULO BRIGUET
O time do Londrina Esporte Clube foi rebaixado agora. A cidade se rebaixou em outubro do ano passado, ao eleger um candidato que obviamente não tinha condições jurídicas de exercer o cargo. Neste domingo, Londrina corre o risco de uma terceira queda, se eleger o clone do candidato impugnado.
É um clone jovem, atlético, combativo. Ainda assim, um clone. Durante oito anos, tentou demonstrar que era uma alternativa viável ao triplo ex (ex-prefeito, ex-cassado, ex-preso). Este cronista chegou – por um momento, e que Deus o perdoe – a acreditar que essa alternativa era possível. No entanto, as poucas ilusões que restavam foram sepultadas para sempre com a aliança entre a velha raposa política e seu discípulo de sempre.
Não tenham ilusões: a imagem dos dois políticos abraçados no palanque será o retrato dos próximos quatro anos de governo, caso as urnas venham a confirmar o rebaixamento político de Londrina, mais uma vez, a vergonha nacional.
A vitória do clone será a vitória do populismo. Será o triunfo da turma que há 20 anos, com escassos períodos de ruptura, domina a cena política da cidade, alternando-se no poder, sob diferentes siglas. A “mão invisível”, não a de Adam Smith, mas outra mão, ou talvez garra, que esteve com a faca e o queijo durante duas décadas, prepara-se para outra vez tomar conta do pedaço.
Eleito o clone, estaremos sob a liderança de Cérbero, o cão de três cabeças: uma da cidade rival, uma da sanha federal e outra da raposa local.
O populismo é tão forte que tomou conta até mesmo os políticos de oposição. Influenciados por seus marqueteiros, acham que a verdade não dá voto. É simples assim.
O orçamento municipal virou um saco sem fundo, uma cartola mágica de onde se pode tirar não apenas um coelho, mas a felicidade geral dos pés-vermelhos. Saúde, educação, segurança, trânsito e até o futebol – triste futebol! – vão virar paraísos terrestres da noite para o dia. A ninguém ocorre perguntar: de onde vem o dinheiro para isso? Pois a resposta é dura (e não recomendada pela assessoria de marketing): vem dos nossos bolsos.
Ninguém foi ao formidável enterro da última realidade, mas daí a dizer que todos os políticos são iguais há uma diferença muito grande. Se colocarmos, face a face, as duas candidaturas que se apresentam no terceiro turno, veremos que uma delas ainda tem o benefício da dúvida. Ainda lhe restam fragmentos de realismo, momentos de racionalidade, pedaços de alento, vestígios de bom senso, ecos de esperança.
Ainda é possível, à população londrinense, evitar a queda definitiva, não apenas para a segunda divisão, mas para outro lugar, de onde é muito mais complicado fugir: o abismo da vergonha.
Dizem que errar uma vez é humano, duas vezes é burrice. Londrina tem a rara chance, neste domingo, de não errar pela terceira vez seguida.
O time do Londrina Esporte Clube foi rebaixado agora. A cidade se rebaixou em outubro do ano passado, ao eleger um candidato que obviamente não tinha condições jurídicas de exercer o cargo. Neste domingo, Londrina corre o risco de uma terceira queda, se eleger o clone do candidato impugnado.
É um clone jovem, atlético, combativo. Ainda assim, um clone. Durante oito anos, tentou demonstrar que era uma alternativa viável ao triplo ex (ex-prefeito, ex-cassado, ex-preso). Este cronista chegou – por um momento, e que Deus o perdoe – a acreditar que essa alternativa era possível. No entanto, as poucas ilusões que restavam foram sepultadas para sempre com a aliança entre a velha raposa política e seu discípulo de sempre.
Não tenham ilusões: a imagem dos dois políticos abraçados no palanque será o retrato dos próximos quatro anos de governo, caso as urnas venham a confirmar o rebaixamento político de Londrina, mais uma vez, a vergonha nacional.
A vitória do clone será a vitória do populismo. Será o triunfo da turma que há 20 anos, com escassos períodos de ruptura, domina a cena política da cidade, alternando-se no poder, sob diferentes siglas. A “mão invisível”, não a de Adam Smith, mas outra mão, ou talvez garra, que esteve com a faca e o queijo durante duas décadas, prepara-se para outra vez tomar conta do pedaço.
Eleito o clone, estaremos sob a liderança de Cérbero, o cão de três cabeças: uma da cidade rival, uma da sanha federal e outra da raposa local.
O populismo é tão forte que tomou conta até mesmo os políticos de oposição. Influenciados por seus marqueteiros, acham que a verdade não dá voto. É simples assim.
O orçamento municipal virou um saco sem fundo, uma cartola mágica de onde se pode tirar não apenas um coelho, mas a felicidade geral dos pés-vermelhos. Saúde, educação, segurança, trânsito e até o futebol – triste futebol! – vão virar paraísos terrestres da noite para o dia. A ninguém ocorre perguntar: de onde vem o dinheiro para isso? Pois a resposta é dura (e não recomendada pela assessoria de marketing): vem dos nossos bolsos.
Ninguém foi ao formidável enterro da última realidade, mas daí a dizer que todos os políticos são iguais há uma diferença muito grande. Se colocarmos, face a face, as duas candidaturas que se apresentam no terceiro turno, veremos que uma delas ainda tem o benefício da dúvida. Ainda lhe restam fragmentos de realismo, momentos de racionalidade, pedaços de alento, vestígios de bom senso, ecos de esperança.
Ainda é possível, à população londrinense, evitar a queda definitiva, não apenas para a segunda divisão, mas para outro lugar, de onde é muito mais complicado fugir: o abismo da vergonha.
Dizem que errar uma vez é humano, duas vezes é burrice. Londrina tem a rara chance, neste domingo, de não errar pela terceira vez seguida.
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