23.4.09

O fim das instituições democráticas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu realizar uma proeza que nenhum outro presidente foi capar de fazer em toda a história da República. Transferiu o seu modus operandi para os Poderes Judiciário e Legislativo. Hoje, dia 22 de abril de 2009, quando se comemora mais uma efeméride do descobrimento do Brasil, o plenário do Supremo Tribunal Federal se transformou num campo de batalha, ou melhor dizendo, numa beira de riacho, onde as lavadeiras soltam as línguas, enquanto esfregam as roupas numa pedra. O presidente do STF e um dos membros da corte, quase chegaram às vias de fato; bate-boca visto ao vivo pela televisão. Uma vergonha para o Judiciário, como frisou um dos contendores da discussão.
Faz-se necessário que se mude o critério de escolha dos membros do STF. Não basta o alto saber jurídico; é necessário que os indicados tenham postura moral e respeitabilidade dentro da classe, para que sejam também respeitados pela opinião pública.
O Congresso Nacional se transformou na Geni, todo mundo bate na instituição. Não escapam nem os presidentes das duas casas do Congresso, muito menos a oposição que deveria dar o exemplo para depois poder criticar. Lá todo mundo mete as mãos no Erário; pouco se está lixando se a roubalheira venha à público. O negócio é mamar nas tetas do governo, usurpando o dinheiro dos que pagam impostos. Nem as Forças Armadas conseguiram sair ilesas na atual conjuntura de desmonte das instituições brasileiras. Os atuais comandantes militares agem como se fossem umas moscas mortas. Aceitam tudo calados, e dizem ‘Amem!’
Hoje, se não bastasse o fato deplorável acontecido no STF, um companheiro que ia viajar para Brasília, entrou no Aeroporto do Galeão de joelhos. Assustado com o inusitado da cena, eu que fora ao aeroporto dar uma de paulista, admirar os aviões subindo e descendo na pista (depois dizem que só o comandante da Aeronáutica gosta de avião!), me aproximei e perguntei:
- Passando mal, amigo. O amigo é um coronel do Exército, meu ex-comandante de subunidade, recém promovido, e transferido para a capital federal.
- Opa! Quem vejo, o Pimentel.
Eu insisti.
- Precisa de ajuda?
- Não, amigo. É que estamos todos de joelhos. O presidente Lula e seu acólito ministro da Defesa estão desmontando as FFAA. Nossos ‘ilustres’ comandantes militares aceitam todas as mudanças e diretrizes, sem uma reação, transformando a Instituição nessa coisa menor que está ficando a cada dia!
Eu me preocupei também com uma tira de couro presa em seu pescoço. Parecia com a coleira daquela vedete que desfila nas escolas de samba, e difundira a novidade entre as beldades, querendo dizer que colocar uma coleira no pescoço, era sinônimo de obediência e fidelidade ao companheiro.
- Isso no pescoço, é...?
- Exatamente. Antecipou-se o coronel. Este adereço, é, realmente, uma coleira. Além de indicar fidelidade absoluta ao senhor ministro da Defesa, também corrobora com a idéia de que somos atualmente cachorrinhos de madame!
- E a tropa é obrigada a carregar uma coleira no pescoço? Perguntei preocupado.
- Todo mundo, inclusive, os comandantes militares. Só, que para disfarçar, eles usam uma correntinha de ouro! Mas com o nome de S. Excelência gravado numa plaquinha.
- Chic! Brinquei. E ajudei-o a se levantar. Quebra a disciplina e vai caminhando até o check-in.
Fiquei triste com o quadro de abandono a que foram relegadas as FFAA.
Não vejo porque não se mudar o critério na escola dos comandantes militares. Essa de escolher-se o mais antigo, ou o que melhor se molda ao jeitão de menino de recado, obediente, puxa-saco, sem vergonha, não é uma boa saída. Nem sempre o mais antigo tem as qualidades inerentes a um chefe militar. É necessário ter capacidade de liderança; predicado que não se tem visto nos atuais comandantes militares.
Uma pessoa ligada aos rituais de escolha do presidente da República no preenchimento de cargos de ministros e órgãos ligados diretamente à presidência da República, confidenciou-me um certo dia.
- Olha, Pimentel. É cômico como o presidente Lula referenda os nomes de seus auxiliares. O ‘home’ manda chamar os escolhidos dos deuses e diz: “General, abre a boca e põe a língua pra fora.” O pobre coitado, sem entender as razões do presidente, põe a língua à vista e fecha os olhos. “Puta, merda! Será que ele vai perceber que andei fornicando esta madrugada?”
- O presidente toca com a ponta de sua ‘Varinha de Condão’ na língua do entrevistado, e sentencia: “Ótimo rapaz. O cargo de comandante do Exército é seu!” O general, aliviado, balbucia: “Ainda bem que escovei os dentes!”
O bem informado companheiro, acrescenta:
- Pelo teste passaram os três comandantes militares. A varinha funciona melhor do que um detector de mentiras. Quanto maior o grau de aprovação no teste, maior o índice de servilismo tem o cidadão! É por esta razão que estamos maus das pernas!

Depois desse critério de escolha de auxiliares, percebe-se porque tantas denúncias de malversação de dinheiro público têm vindo á tona. Poucos são os ministros que conseguiram chegar aos dias atuais sem que a imprensa não tenha denunciado uma de suas tramóias. Os comandantes militares devem ser como mineiros: “Comem quietos!” Mas agem escancaradamente de maneira indecente, aplaudindo tudo quanto é safadeza que se pratica no governo; premiando os mais safados com honrarias e medalhas militares. O importante é garantir o deles na reserva!

José Geraldo Pimentel
Cap Ref EB

Rio de Janeiro, 22 de abri de 2009.

(www.jgpimentel.com.br)