Julgamento de crime cibernético em Maringá
MARIA NEWNUM
No dia 27 de maio de 2009 às 15h30 acontecerá na 4ª Vara Criminal de Maringá, localizada no Fórum, o que se espera, seja a última ação decisiva no caso da jornalista Rose Leonel, que viu sua vida desabar após o ex-namorado publicar fotos íntimas dela na internet.
Será um dia de silêncio ou de manifestos da sociedade maringaense?
Espera-se que a audiência seja acompanhada pela imprensa local e regional e, especialmente, por organismos ligados a defesa da mulher; além de entidades como OAB e movimentos religiosos, visto que a conclusão desse caso poderá abrir um dos primeiros precedentes jurídicos no País.
O crime envolvendo a jornalista Rose Leonel ganhou espaço na mídia nacional, mas nada substitui o envolvimento da sociedade maringaense, reafirmando que o crime contra a jornalista não foi somente contra ela. Crimes desta categoria se alastram no Brasil e em artigos anteriores já citamos outros casos.
Enquanto não for estabelecido o precedente jurídico com sentenças inafiançáveis, prisões e altos valores monetários visando reparar os danos morais (se é que isso seja possível), esse tipo de crime tende a crescer e, a qualquer hora, poderá chegar à sua porta caro/a leitor/a.
Quem não usa? Ou não tem filhas e sobrinhas que utilizam o “Orkut”, “My Space” e “MSN”? . Esses veículos cibernéticos prometem a mesma “segurança” que muitas mulheres creditam em seus parceiros na intimidade do quarto. Mas é só procurar na Google e descobrir histórias de mulheres e meninas que tiveram suas fotos disponibilizadas em sites pornôs.
Na Rede, o elo do “segredo” é quebrado num “clique” e como sempre, as mulheres e meninas ficam na posição de “vagabundas”.
Vivemos num país de mentalidade conservadora com forte veia “machista”; muito embora, felizmente, cada vez mais, homens se manifestam de maneira bondosa e consciente. Faço uma síntese de mensagens que recebi de homens sobre esse caso:
“Nós, homens, gostamos da fantasia. Nosso universo masculino se fundamenta no ‘olhar’. Quando pedimos que nossa parceira se dispa, que faça poses para fotografarmos, nos sentimos amados e até ‘poderosos’... Muitas mulheres nem gostam mas, fazem só para agradar. Agora jogar na rede algo tão íntimo é uma demonstração de covardia, fraqueza de caráter e até doença...”
Roland Barthes certa feita disse: “Na guerra e no amor vale tudo” e Jorge Louraço Figueira reflete: “Não é que coitas de amor possam ser equiparadas ao sofrimento de deportações, torturas e assassinatos. É que essa violência ocupa um lugar nuclear no nosso imaginário e é a ela que recorremos para dar realidade às fantasias amorosas.”* Mas Camões dizia: “Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer”.
O desatino é próprio do amor... Mas quando o amor faz doer; há muito deixou de ser amor; tornou-se terror. É esse terror que experimentam as adolescentes e mulheres que são expostas criminalmente na internet.
Segundo a jornalista Vanda Munhoz: “Laudo de perito judicial aponta que fotos íntimas da colunista social Rose Leonel, assim como vídeos e postagens, foram distribuídas [...] de um dos computadores apreendidos na loja e na casa do empresário Eduardo Gonçalves da Silva, ex-namorado dela. A informação é do Ministério Público, que já tem o laudo em mãos e prepara uma queixa crime contra Silva com base na Lei Maria da Penha.”**
Eis a pergunta: o dia 27 de maio será um dia de silêncio ou de manifestos da sociedade maringaense? Quem viver, verá...
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Maria Newnum é teóloga ecumênica, articulista e comprometida com ações contra violências de mulheres e meninas.
*Leia artigo completo:
http://estadocritico.wordpress.com/2008/12/09/na-guerra-e-no-amor-vale-tudo/
** http://www.odiariomaringa.com.br/noticia/217072/%20-%20Acessado%20=m:%2014/05/2009%20%C3%A0s%2011:04:59
PS - O processo que se inicia no dia 27, em audiência de instrução e julgamento, corre na 4ª Vara Cível de Maringá. É uma ação ordinária de indenização. A queixa-crime terá audiência na 4ª Vara Criminal, no dia 23/6/2009.
No dia 27 de maio de 2009 às 15h30 acontecerá na 4ª Vara Criminal de Maringá, localizada no Fórum, o que se espera, seja a última ação decisiva no caso da jornalista Rose Leonel, que viu sua vida desabar após o ex-namorado publicar fotos íntimas dela na internet.
Será um dia de silêncio ou de manifestos da sociedade maringaense?
Espera-se que a audiência seja acompanhada pela imprensa local e regional e, especialmente, por organismos ligados a defesa da mulher; além de entidades como OAB e movimentos religiosos, visto que a conclusão desse caso poderá abrir um dos primeiros precedentes jurídicos no País.
O crime envolvendo a jornalista Rose Leonel ganhou espaço na mídia nacional, mas nada substitui o envolvimento da sociedade maringaense, reafirmando que o crime contra a jornalista não foi somente contra ela. Crimes desta categoria se alastram no Brasil e em artigos anteriores já citamos outros casos.
Enquanto não for estabelecido o precedente jurídico com sentenças inafiançáveis, prisões e altos valores monetários visando reparar os danos morais (se é que isso seja possível), esse tipo de crime tende a crescer e, a qualquer hora, poderá chegar à sua porta caro/a leitor/a.
Quem não usa? Ou não tem filhas e sobrinhas que utilizam o “Orkut”, “My Space” e “MSN”? . Esses veículos cibernéticos prometem a mesma “segurança” que muitas mulheres creditam em seus parceiros na intimidade do quarto. Mas é só procurar na Google e descobrir histórias de mulheres e meninas que tiveram suas fotos disponibilizadas em sites pornôs.
Na Rede, o elo do “segredo” é quebrado num “clique” e como sempre, as mulheres e meninas ficam na posição de “vagabundas”.
Vivemos num país de mentalidade conservadora com forte veia “machista”; muito embora, felizmente, cada vez mais, homens se manifestam de maneira bondosa e consciente. Faço uma síntese de mensagens que recebi de homens sobre esse caso:
“Nós, homens, gostamos da fantasia. Nosso universo masculino se fundamenta no ‘olhar’. Quando pedimos que nossa parceira se dispa, que faça poses para fotografarmos, nos sentimos amados e até ‘poderosos’... Muitas mulheres nem gostam mas, fazem só para agradar. Agora jogar na rede algo tão íntimo é uma demonstração de covardia, fraqueza de caráter e até doença...”
Roland Barthes certa feita disse: “Na guerra e no amor vale tudo” e Jorge Louraço Figueira reflete: “Não é que coitas de amor possam ser equiparadas ao sofrimento de deportações, torturas e assassinatos. É que essa violência ocupa um lugar nuclear no nosso imaginário e é a ela que recorremos para dar realidade às fantasias amorosas.”* Mas Camões dizia: “Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer”.
O desatino é próprio do amor... Mas quando o amor faz doer; há muito deixou de ser amor; tornou-se terror. É esse terror que experimentam as adolescentes e mulheres que são expostas criminalmente na internet.
Segundo a jornalista Vanda Munhoz: “Laudo de perito judicial aponta que fotos íntimas da colunista social Rose Leonel, assim como vídeos e postagens, foram distribuídas [...] de um dos computadores apreendidos na loja e na casa do empresário Eduardo Gonçalves da Silva, ex-namorado dela. A informação é do Ministério Público, que já tem o laudo em mãos e prepara uma queixa crime contra Silva com base na Lei Maria da Penha.”**
Eis a pergunta: o dia 27 de maio será um dia de silêncio ou de manifestos da sociedade maringaense? Quem viver, verá...
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Maria Newnum é teóloga ecumênica, articulista e comprometida com ações contra violências de mulheres e meninas.
*Leia artigo completo:
http://estadocritico.wordpress.com/2008/12/09/na-guerra-e-no-amor-vale-tudo/
** http://www.odiariomaringa.com.br/noticia/217072/%20-%20Acessado%20=m:%2014/05/2009%20%C3%A0s%2011:04:59
PS - O processo que se inicia no dia 27, em audiência de instrução e julgamento, corre na 4ª Vara Cível de Maringá. É uma ação ordinária de indenização. A queixa-crime terá audiência na 4ª Vara Criminal, no dia 23/6/2009.
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