Nota técnica - HUM
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CONTROLE DE INTOXICAÇÕES
NOTA TÉCNICA
Na última terça-feira (30 de junho) foi atendida, na Santa Casa de Goioerê, por volta das 17 horas, a criança E.C.G, de um ano e cinco meses de idade, apresentando vômito, convulsão, salivação, espasmos musculares e torpor.
Segundo informações do solicitante, a criança estava com varicela (lesões em crosta), o que levou a equipe de saúde a investigar um quadro infeccioso, como meningite. Após 40 minutos, deu entrada na Santa Casa de Goioerê a irmã, K.C.G, de dois anos de idade. Ela apresentava os mesmos sintomas, acrescido de baixa saturação de oxigênio (O2= 80%) e “hálito com odor forte”, levando a equipe de saúde a suspeitar de intoxicação por produto desconhecido.
Às 20h30 horas, os dois casos foram notificados ao Centro de Controle de Intoxicações (CCI), do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM). Quando o CCI retornou a ligação, a fim de orientar a equipe de saúde sobre as condutas a serem tomadas e a suspeita de se tratar de uma intoxicação por inseticida inibidor das enzimas colinesterases, foi informado que uma terceira criança havia sido conduzida à Santa Casa daquela cidade. Tratava-se de R.C.G, de 9 anos, irmão das outras duas crianças internadas. O menino apresentava vômito.
R.C.G estava muito assustado, dizendo que “havia tomado só um pouco” de um produto, mas não referia o que havia ingerido. Segundo história relatada pela equipe de saúde de Goioerê, a mãe das crianças havia deixado as mesmas com uma vizinha, durante o período das 15 às 16h30 horas. Na investigação, foi encontrado na residência em que as crianças passaram a tarde uma garrafa de plástico (garrafa pet) com um líquido branco.
A equipe de saúde de Goioerê foi orientada a adotar medidas de manutenção da vida (permeabilidade da via aérea, ventilação adequada, oxigenação, entubação orotraqueal), monitorização cardíaca, controle hidroeletrolítico, realização de lavagem gástrica, administração de carvão ativado, dosagem das enzimas acetilcolinesterases plasmática e eritrocitária, raio x de tórax, e administração de sulfato de atropina caso a dosagem de acetilcolinesterase apresentasse níveis baixos.
RESUMO DA EVOLUÇÃO CLÍNICA
E.C.G foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-Ped) do HUM, onde deu entrada por volta das 4 horas de ontem, quarta-feira (1º de julho), acompanhada de sua avó. A criança apresentava pupilas mióticas, fasciculações, salivação abundante; tórax BCRF2T com murmúrio vesicular presentes, e em uso de atropina 0,03 mg a cada cinco minutos. O tratamento realizado no serviço foi: oxigenoterapia, antibioticoterapia, analgésico caso tivesse febre ou dor, anticonvulsivante, ansiolítico, descontaminação gástrica por meio de lavagem gástrica e adsorvente (carvão ativado).
A menina foi sedada e entubada para receber ventilação artificial. O primeiro resultado de dosagem de colinesterase, realizado na instituição de origem, foi de 255 U/L (Valor de Referência: +/- 4000 – 12000 U/L ). Após o início do uso do sulfato de atropina, houve melhora dos sinais colinérgicos (sialorréia e secreção brônquica) e expansão da pupila. Solicitado avaliação do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar para o quadro de varicela verificou-se que as lesões provenientes da doença apresentavam apenas crostas, o que não promove a transmissão deste agravo. Foi colhida amostra biológica para dosagem de colinesterase, que foi realizado no Laboratório de Toxicologia, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O resultado foi o seguinte: colinesterase plasmática - 91 U/L (Valor de Referência: 1900 – 3800 U/L) e colinesterase eritrocitária - 841 U/L (Valor de Referência: 2600 – 4100U/L).
À tarde, a criança permaneceu entubada, porém, apresentando melhora do quadro respiratório. Foi retirada sedação e ela apresentava pupilas mióticas (sintoma nicotínico proveniente da ação da substância inibidora de colinesterase). Houve uso de penicilina cristalina e mantido uso de sulfato de atropina a critério médico. Necessitou-se de estímulo com diurético. À noite, a criança foi extubada e instalado oxigenoterapia. Apresentava quadro neurológico oscilante, com períodos de agitação e de sonolência. Apresentou pico febril de 39ºC, pupilas puntiformes (mióticas). Foi estabelecido o uso de sulfato de atropina em infusão contínua. Pela manhã desta quinta-feira, a criança permanecia internada na UTI-ped/HUM hemodinamicamente estável, com respiração espontânea, apresentando tosse rouca e estridor, com a manutenção de uso de sulfato de atropina. Foi colhida nova amostra biológica para dosagem de colinesterase.
Já a criança K.C.G, de dois anos, deu entrada no hospital de Goioerê na última terça-feira (30 de junho), às 17h40, apresentando vômito, convulsão, salivação moderada de odor forte, espasmos musculares, baixa saturação de oxigênio (sat. O2= 60%), dispnéia, miose bilateral, diarréia aquosa de odor forte, taquicardia e torpor. Por volta das 20h50 a paciente apresentava-se hemodinamicamente instável, necessitando de suporte ventilatório, em tempo apresentou uma parada cardiorespirtória, sendo administrada atropina e realizado manobras de reanimação sem sucesso.
O menino R.C.G, de nove anos, deu entrada no hospital de Goioerê também na terça-feira (30 de junho), às 20h35, apresentando vômito. A criança estava bastante assustada e chorosa, dizendo que havia tomado um pouquinho, porém sem informar o que ingeriu. Após acalmar-se um pouco disse ter ingerido, junto com suas irmãs, pequena quantidade de um líquido branco que se encontrava no banheiro da casa de sua vizinha. Segundo ele, suas irmãs haviam ingerido maior quantidade do produto. Houve a informação de que havia sido colhido material biológico para dosagem de colinesterase e solicitado raio x e tórax, sem os resultados até o momento. Recebeu alta hospitalar durante a tarde de ontem, quinta-feira, e foi informado ainda que os exames acima citados não foram realizados porque a criança estava assintomática e precisava ir ao velório da irmã.
Hospital Universitário Regional de Maringá
Centro de Controle de Intoxicações
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CONTROLE DE INTOXICAÇÕES
NOTA TÉCNICA
Na última terça-feira (30 de junho) foi atendida, na Santa Casa de Goioerê, por volta das 17 horas, a criança E.C.G, de um ano e cinco meses de idade, apresentando vômito, convulsão, salivação, espasmos musculares e torpor.
Segundo informações do solicitante, a criança estava com varicela (lesões em crosta), o que levou a equipe de saúde a investigar um quadro infeccioso, como meningite. Após 40 minutos, deu entrada na Santa Casa de Goioerê a irmã, K.C.G, de dois anos de idade. Ela apresentava os mesmos sintomas, acrescido de baixa saturação de oxigênio (O2= 80%) e “hálito com odor forte”, levando a equipe de saúde a suspeitar de intoxicação por produto desconhecido.
Às 20h30 horas, os dois casos foram notificados ao Centro de Controle de Intoxicações (CCI), do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM). Quando o CCI retornou a ligação, a fim de orientar a equipe de saúde sobre as condutas a serem tomadas e a suspeita de se tratar de uma intoxicação por inseticida inibidor das enzimas colinesterases, foi informado que uma terceira criança havia sido conduzida à Santa Casa daquela cidade. Tratava-se de R.C.G, de 9 anos, irmão das outras duas crianças internadas. O menino apresentava vômito.
R.C.G estava muito assustado, dizendo que “havia tomado só um pouco” de um produto, mas não referia o que havia ingerido. Segundo história relatada pela equipe de saúde de Goioerê, a mãe das crianças havia deixado as mesmas com uma vizinha, durante o período das 15 às 16h30 horas. Na investigação, foi encontrado na residência em que as crianças passaram a tarde uma garrafa de plástico (garrafa pet) com um líquido branco.
A equipe de saúde de Goioerê foi orientada a adotar medidas de manutenção da vida (permeabilidade da via aérea, ventilação adequada, oxigenação, entubação orotraqueal), monitorização cardíaca, controle hidroeletrolítico, realização de lavagem gástrica, administração de carvão ativado, dosagem das enzimas acetilcolinesterases plasmática e eritrocitária, raio x de tórax, e administração de sulfato de atropina caso a dosagem de acetilcolinesterase apresentasse níveis baixos.
RESUMO DA EVOLUÇÃO CLÍNICA
E.C.G foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-Ped) do HUM, onde deu entrada por volta das 4 horas de ontem, quarta-feira (1º de julho), acompanhada de sua avó. A criança apresentava pupilas mióticas, fasciculações, salivação abundante; tórax BCRF2T com murmúrio vesicular presentes, e em uso de atropina 0,03 mg a cada cinco minutos. O tratamento realizado no serviço foi: oxigenoterapia, antibioticoterapia, analgésico caso tivesse febre ou dor, anticonvulsivante, ansiolítico, descontaminação gástrica por meio de lavagem gástrica e adsorvente (carvão ativado).
A menina foi sedada e entubada para receber ventilação artificial. O primeiro resultado de dosagem de colinesterase, realizado na instituição de origem, foi de 255 U/L (Valor de Referência: +/- 4000 – 12000 U/L ). Após o início do uso do sulfato de atropina, houve melhora dos sinais colinérgicos (sialorréia e secreção brônquica) e expansão da pupila. Solicitado avaliação do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar para o quadro de varicela verificou-se que as lesões provenientes da doença apresentavam apenas crostas, o que não promove a transmissão deste agravo. Foi colhida amostra biológica para dosagem de colinesterase, que foi realizado no Laboratório de Toxicologia, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O resultado foi o seguinte: colinesterase plasmática - 91 U/L (Valor de Referência: 1900 – 3800 U/L) e colinesterase eritrocitária - 841 U/L (Valor de Referência: 2600 – 4100U/L).
À tarde, a criança permaneceu entubada, porém, apresentando melhora do quadro respiratório. Foi retirada sedação e ela apresentava pupilas mióticas (sintoma nicotínico proveniente da ação da substância inibidora de colinesterase). Houve uso de penicilina cristalina e mantido uso de sulfato de atropina a critério médico. Necessitou-se de estímulo com diurético. À noite, a criança foi extubada e instalado oxigenoterapia. Apresentava quadro neurológico oscilante, com períodos de agitação e de sonolência. Apresentou pico febril de 39ºC, pupilas puntiformes (mióticas). Foi estabelecido o uso de sulfato de atropina em infusão contínua. Pela manhã desta quinta-feira, a criança permanecia internada na UTI-ped/HUM hemodinamicamente estável, com respiração espontânea, apresentando tosse rouca e estridor, com a manutenção de uso de sulfato de atropina. Foi colhida nova amostra biológica para dosagem de colinesterase.
Já a criança K.C.G, de dois anos, deu entrada no hospital de Goioerê na última terça-feira (30 de junho), às 17h40, apresentando vômito, convulsão, salivação moderada de odor forte, espasmos musculares, baixa saturação de oxigênio (sat. O2= 60%), dispnéia, miose bilateral, diarréia aquosa de odor forte, taquicardia e torpor. Por volta das 20h50 a paciente apresentava-se hemodinamicamente instável, necessitando de suporte ventilatório, em tempo apresentou uma parada cardiorespirtória, sendo administrada atropina e realizado manobras de reanimação sem sucesso.
O menino R.C.G, de nove anos, deu entrada no hospital de Goioerê também na terça-feira (30 de junho), às 20h35, apresentando vômito. A criança estava bastante assustada e chorosa, dizendo que havia tomado um pouquinho, porém sem informar o que ingeriu. Após acalmar-se um pouco disse ter ingerido, junto com suas irmãs, pequena quantidade de um líquido branco que se encontrava no banheiro da casa de sua vizinha. Segundo ele, suas irmãs haviam ingerido maior quantidade do produto. Houve a informação de que havia sido colhido material biológico para dosagem de colinesterase e solicitado raio x e tórax, sem os resultados até o momento. Recebeu alta hospitalar durante a tarde de ontem, quinta-feira, e foi informado ainda que os exames acima citados não foram realizados porque a criança estava assintomática e precisava ir ao velório da irmã.
Hospital Universitário Regional de Maringá
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