19.10.09

Seguro de carro: fuja do mico

Por MARIA NEWNUM

Imagine a cena: seu carro pifa numa BR do Brasil e você logo pensa: “Depois de tantos anos pagando seguro caríssimo, sem dar gastos à seguradora, vou receber ao menos um tratamento especial nessa hora horrível”. Doce ilusão...
A primeira coisa que você descobrirá é que muitos corretores (picaretas) só colocam cobertura de 100 quilômetros para o reboque. Ou seja, apesar da facada que dão em seu bolso todos os anos, seu carro só terá proteção perto de casa. Isso é quase uma praxe praticada por muitos corretores, disse-me o moço do guincho. Nada diminui em seu bolso, mas, acresce muito na comissão do “corretor” (picareta).
Segundo a análise do rapaz simpático que rebocou meu carro, certos picaretas, (não os confunda com corretores) usam o subterfúgio da probabilidade estatística de que um carro novo, dificilmente quebra, e se quebrar será dentro da cidade.
Assim, se o carro quebrar além dos 100 quilômetros, o dono que se exploda e pague o excedente de quilometragem ou faça barganhas com o seguro, que muitas vezes coloca como “desvio ótico” a garantia do taxi para te levar em casa.
Normalmente, como me disse o rapaz experiente do guincho, os segurados ficam tão desorientados na hora da emergência que fazem barganhas com a seguradora e abrem mão do taxi que geralmente é mais caro que o excedente de quilometragem e seguem na boleia do guincho; deixando o dito pelo não dito.
Foi exatamente o que aconteceu comigo, o excedente de quilometragem seria de 275 reais e o táxi mais de 400 reais, então o seguro sugeriu que eu e meu marido viéssemos na boleia do guincho e ficaria tudo resolvido... Depois de 3 horas parados numa BR, cansados e contabilizando todos os gastos da viagem a gente se sujeita a qualquer coisa.
Mas a experiência não foi de todo ruim. Nunca tínhamos andado de caminhão. Foi divertido. Mas o melhor mesmo foi ouvir do moço do guincho algumas “pérolas” que os segurados sofrem.
Ele contou que o golpe que sofremos foi praticado por um corretor que era o irmão de uma segurada. Ela não teve dúvidas e disse: “o excedente de kilometragem de 700 reais será pago pelo picareta do meu corretor. Ele é meu irmão; mas não que vou facilitar. Fui enganada e ele vai pagar a conta ou vou processá-lo.” O picareta pagou o excedente sem pestanejar, disse o nosso companheiro de viagem.
Felizmente ouvimos histórias bacanas de corretores que deixam o celular ligado 24 horas e saem em socorro dos segurados no meio da noite. Isso me fez lembrar nosso corretor de Londrina. Ele dizia com certo orgulho para esposa, que era como médico. Era tão preocupado conosco que disse que seria melhor procurarmos alguém mais próximo de nós. Doce ilusão. Estou à procura dele e não o largarei mais.
Há corretores maravilhosos que exercem a função com bondade e maestria e há os picaretas...  Fuja dos últimos. E em todos os casos leia bem o contrato antes de assinar. E mais uma dica: Não faça seguro com pessoas conhecidas, parentes ou amigos, só para ajudar... Uma hora você cai... Não se engane! Fuja desse mico.

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Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática; mestranda não regular de Psicologia da UEM e articulista. Para comentar ou ler outros artigos acesse:  http://br.groups.yahoo.com/group/LittleThinks/