Os erros de Frei Betto
Rudá Ricci
Frei Betto acaba de escrever um artigo em que ataca a jovem cubana Yoani Sánchez. Betto procura desqualificar as críticas de Yoani ao regime castrista. Críticas que expõe em um mero blog, Generación Y, que o leitor brasileiro pode provar um aperitivo com a coletânea de postagens que recentemente a Editora Contexto publicou em livro (“De Cuba, com carinho”).
Principal argumento de Betto: ela morou na Suíça e implorou para voltar para Cuba. Argumento secundário: ela não posta em seu blog fotos de pobres e mendigos porque não há pobres e mendigos em Cuba. Como não tem outro recurso além do blog, Yoani não tem como se defender.
Daí, fiquei intrigado até a medula. Não é estranho que uma blogueira cause tanto transtorno nos governantes de um país? Eu mesmo sou crítico a vários governos e nunca fui tolhido. Até Fidel chegou a citar Yoani no prólogo do livro “Fidel, Bolivia y algo más”, no mesmo tom adotado por Betto. E o blog de Yoani tem apenas dois anos de existência! Não seria sinal de problemas políticos sérios na Ilha?
Desta dúvida emergiram outras.
Não é estranho que um escritor brasileiro fique tão preocupado com uma blogueira que apenas posta notas na internet? Não haveria correspondência com o que o próprio Frei Betto disse, uma vez, sobre o governo Lula (que seria governo, mas não poder)? Yoani teria, enfim, mais poder que o governo cubano?
Ou, ainda: o que Frei Betto queria dizer quando afirma que Yoani implorou para retornar à Ilha? Que é uma espiã? Que é incompetente? Que deveria ter ficado na Europa? Conheço a Europa e não gostaria de viver no Velho Mundo. Eles não têm nosso humor e se levam muito à sério.
Obviamente que quem tem um mínimo de militância política sabe que a crítica de Betto não é apenas dirigida à Yoani. É dirigida à toda dúvida e crítica ao regime castrista. Nasce do medo à pluralidade na esquerda.
Então, gostaria de fazer o inverso e abrir o debate com Betto. Entre duas pessoas de esquerda que acreditam em projetos opostos. Mas quero abrir este debate publicamente por motivos que exponho abaixo:
1) Minha motivação é abrir um franco debate, pela esquerda, sem medo de ser feliz. Durante a abertura política, evitamos abrir publicamente nossas diferenças, que remontam às estruturas clandestinas e concepções vanguardistas dos anos 70, temendo que pudéssemos gerar alguma perseguição. Atacávamos quase que clandestinamente. Contudo, estamos mantendo por muito tempo o grande público neste silêncio que o rodeia, o que não parece ser nada transparente ou mesmo alimentar empoderamento. Este silêncio está se revelando nefasto para a democracia do país e principalmente para as organizações sociais de base que estão mergulhadas num profundo rebaixamento político e intelectual. Nada que se relacione com a fulanização do artigo de César Benjamin. Também não se vincula a nenhuma disputa entre partidos (não sou mais filiado a qualquer partido). Trata-se de debate político entre esquerdas e não de moralismos e ataques pessoais;
2) A teoria etapista ainda viceja entre as esquerdas de alto coturno. O problema com esta velha e carcomida teoria é que o futuro é patrimônio de quem opera a evolução das etapas. O etapismo desconsidera os desejos individuais e o diálogo entre diferentes porque define, escatologicamente, o que deveremos ser. O etapismo não dialoga com a franca e aberta
participação no controle das políticas e ações públicas porque se entrelaça com a tutela. Assim, o etapismo forja cidadãos de naturezas distintas: aquele que sabe o que deve ser o futuro (e não fala com transparência porque mede cada passo a ser matematicamente calculado) e aquele que terá seu futuro já prescrito revelado na hora certa, pelo primeiro cidadão. Parece algo nascido da compaixão pelos incautos. Mas é apenas arrogância política, elitismo, vanguardismo;
3) Nos anos 80, Frei Betto criou um conceito rebaixado e estranho de “movimento popular”, que agregaria gregos e troianos. Não, se fossem só gregos e troianos não haveria problema. Ele agregou, num mesmo saco, movimentos sociais, entidades populares, partidos e sindicatos. Dizia que eram “ferramentas” da luta dos povos oprimidos. Como poesia, este conceito é até sedutor. Mas politicamente é um profundo equívoco. E perigoso.
Explico: este conceito é o que criou o caldo de cultura para a partidarização de sindicatos e movimentos sociais brasileiros, ao longo dos anos 80 e nos 90. Porque se todos são instrumentos, e se na teoria marxista o partido é a expressão maior da organização dos que desejam a transformação (o restante estaria no plano da luta econômica, do
interesse), obviamente que a noção de autonomia, fundamento da origem do PT, teria que desaparecer. Ora, este é o cerne da mudança do PT dos anos 80 para o dos anos 90 e atual. Porque a sociedade pode pensar que sempre foi o mesmo, com discurso oportunista no início. Mas não foi. Houve uma disputa surda que mudou o rumo original. Foi o renascer do etapismo num partido hegemônico da esquerda brasileira, tal como figurou quando o Partidão era hegemônico entre as esquerdas tupiniquins;
4) Grande parte das lideranças sociais e sindicais do país tem origem nas organizações da igreja católica filiadas à Teologia da Libertação, que bebeu nos ensaios de Frei Betto. Hoje, o fruto colhido é a profunda partidarização e imenso desprezo das cúpulas pelo debate franco com a base social. À base caberia o didatismo e a paixão, já que os “de baixo” não teriam condições de compreender as manobras necessárias que envolvem os “de cima”. Uma espécie de leninismo revisitado onde não apenas a teoria viria de fora, da cúpula, mas tudo o mais que necessita ser prescrito. Aliás, os discursos são rebaixados. Recentemente, participei de uma mesa de debates com um dirigente da CUT que me deixou estarrecido. Ao apresentar esta crítica de como as centrais sindicais brasileiras são, todas, expressões de partidos, o dirigente da CUT afirmou que foi por conta dos outros partidos, porque a CUT sempre desejou tê-los unidos na central. Não é verdade. Basta analisarmos o que ocorreu no 4o congresso da CUT. Mas muitos sindicalistas sentados na platéia da escola sindical 7 de Outubro desconheciam os meandros das disputas de cúpula. O dirigente da CUT me travou, porque me colocou a responsabilidade de desvendar e desmistificar a história da CUT. Eu fiquei preso ao dilema de ser a Cassandra de lideranças sindicais honestas que me ouviam. Preferi me calar. E errei, percebo, agora;
5) Enfim, Frei Betto tem direito de defender o regime castrista. Um regime centralizador, autoritário, que não respeita a pluralidade, que até então não respeitava a sexualidade de quem não era a imagem e semelhança da virilidade guerrilheira (e que agora começa a mudar com a firme posição de Mariela Castro em defesa da pluralidade). Um regime militarizado, assim como o chavista. Mas Betto deve confessar a todos este desejo de país. Sem apelar para argumentos aparentemente ingênuos de que em Cuba não há fome e todos estudam. Primeiro, isto não é verdade. Basta andar poucos quarteirões pelas ruas das cidades cubanas para ser atropelado por olhos esbugalhados que desejam algum gênero de primeira necessidade do estrangeiro. Segundo, o ser humano não vive apenas de comida. Vive de diversão e arte. E muito mais. Rebaixar a vida humana à condição de animal quase irracional não é projeto de esquerda. E nunca foi. Talvez, num momento de transição. Mas já se passaram décadas e tudo continua no mesmo lugar. Terceiro, porque Betto deve cuidar para não ser “diretor da consciência alheia” (este termo tão caro à Foucault), uma tentação ao acrescentar ao seu nome um título que remete à religião. Se deseja discutir um projeto político deve ter o cuidado de evitar esta tentação e colocar-se no mesmo andar que os que são mortais abrindo argumentos racionais;
6) Assim, as diferenças entre projetos de esquerda em nosso país devem ser escancaradas. Devemos parar com esta pasteurização que desconsidera a inteligência da base social e de tantos militantes sinceros das lutas pelos direitos sociais. Esta infantilização do discurso, que encobre erros históricos que se acumulam e que deságuam, de tempos em tempos, na perplexidade sincera frente à escândalos e posturas sem nexo histórico, deveria acabar de imediato. Porque vivemos, hoje, lacunas na história tortuosa de várias organizações populares do país. Uma central que cria estruturas paralelas à oficial (os vários departamentos da CUT) e que centrava toda sua energia na organização no local de trabalho e que, de um dia para o outro, decide voltar-se para a conquista da estrutura oficial, ingressar em câmaras setoriais e esquecer a organização de base. Um partido que se organizava pela base, em núcleos e que adotava uma metodologia participativa para elaborar programas de governo e que, de um dia para o outro, contrata empresas de marketing para definir cores de gravatas e de livros-programas, se enredando em acordos pelo país afora que não são discutidos pelos militantes. Um governo que se inicia por audiências públicas discutindo o seu Plano Plurianual e adota equipes educacionais e comitês gestores (o controle social) do seu programa mais propalado, o Fome Zero, e que, de um dia para o outro, abandona audiências públicas e qualquer mecanismo de controle social. O que pensaram as quebradeiras de coco de babaçu e os militantes do semi-árido (a ASA) quando viram o programa de Lula e a transposição do São Francisco? Ficaram indignados, mas não entendiam onde se processara a mudança na cúpula.
Por este motivo, Frei Betto errou e continua errando. Porque sabe de suas responsabilidades. E se deseja ao Brasil o controle sobre blogueiros no velho estilo castrista, é preciso que diga com todas as letras. Para que num futuro – que temo que se realize tal como os etapistas racionais planejam à portas fechadas – não sejamos surpreendidos e nem nos vejamos na extrema ignorância que nos levará a perguntar em que momento o destino tramou esta tragédia para os pobres mortais.
Doutor em ciências sociais, diretor geral do Instituto Cultiva, do Fórum Brasil do Orçamento. E-mail: ruda@inet.com.br . Blog: rudaricci.blogspot.com
Frei Betto acaba de escrever um artigo em que ataca a jovem cubana Yoani Sánchez. Betto procura desqualificar as críticas de Yoani ao regime castrista. Críticas que expõe em um mero blog, Generación Y, que o leitor brasileiro pode provar um aperitivo com a coletânea de postagens que recentemente a Editora Contexto publicou em livro (“De Cuba, com carinho”).
Principal argumento de Betto: ela morou na Suíça e implorou para voltar para Cuba. Argumento secundário: ela não posta em seu blog fotos de pobres e mendigos porque não há pobres e mendigos em Cuba. Como não tem outro recurso além do blog, Yoani não tem como se defender.
Daí, fiquei intrigado até a medula. Não é estranho que uma blogueira cause tanto transtorno nos governantes de um país? Eu mesmo sou crítico a vários governos e nunca fui tolhido. Até Fidel chegou a citar Yoani no prólogo do livro “Fidel, Bolivia y algo más”, no mesmo tom adotado por Betto. E o blog de Yoani tem apenas dois anos de existência! Não seria sinal de problemas políticos sérios na Ilha?
Desta dúvida emergiram outras.
Não é estranho que um escritor brasileiro fique tão preocupado com uma blogueira que apenas posta notas na internet? Não haveria correspondência com o que o próprio Frei Betto disse, uma vez, sobre o governo Lula (que seria governo, mas não poder)? Yoani teria, enfim, mais poder que o governo cubano?
Ou, ainda: o que Frei Betto queria dizer quando afirma que Yoani implorou para retornar à Ilha? Que é uma espiã? Que é incompetente? Que deveria ter ficado na Europa? Conheço a Europa e não gostaria de viver no Velho Mundo. Eles não têm nosso humor e se levam muito à sério.
Obviamente que quem tem um mínimo de militância política sabe que a crítica de Betto não é apenas dirigida à Yoani. É dirigida à toda dúvida e crítica ao regime castrista. Nasce do medo à pluralidade na esquerda.
Então, gostaria de fazer o inverso e abrir o debate com Betto. Entre duas pessoas de esquerda que acreditam em projetos opostos. Mas quero abrir este debate publicamente por motivos que exponho abaixo:
1) Minha motivação é abrir um franco debate, pela esquerda, sem medo de ser feliz. Durante a abertura política, evitamos abrir publicamente nossas diferenças, que remontam às estruturas clandestinas e concepções vanguardistas dos anos 70, temendo que pudéssemos gerar alguma perseguição. Atacávamos quase que clandestinamente. Contudo, estamos mantendo por muito tempo o grande público neste silêncio que o rodeia, o que não parece ser nada transparente ou mesmo alimentar empoderamento. Este silêncio está se revelando nefasto para a democracia do país e principalmente para as organizações sociais de base que estão mergulhadas num profundo rebaixamento político e intelectual. Nada que se relacione com a fulanização do artigo de César Benjamin. Também não se vincula a nenhuma disputa entre partidos (não sou mais filiado a qualquer partido). Trata-se de debate político entre esquerdas e não de moralismos e ataques pessoais;
2) A teoria etapista ainda viceja entre as esquerdas de alto coturno. O problema com esta velha e carcomida teoria é que o futuro é patrimônio de quem opera a evolução das etapas. O etapismo desconsidera os desejos individuais e o diálogo entre diferentes porque define, escatologicamente, o que deveremos ser. O etapismo não dialoga com a franca e aberta
participação no controle das políticas e ações públicas porque se entrelaça com a tutela. Assim, o etapismo forja cidadãos de naturezas distintas: aquele que sabe o que deve ser o futuro (e não fala com transparência porque mede cada passo a ser matematicamente calculado) e aquele que terá seu futuro já prescrito revelado na hora certa, pelo primeiro cidadão. Parece algo nascido da compaixão pelos incautos. Mas é apenas arrogância política, elitismo, vanguardismo;
3) Nos anos 80, Frei Betto criou um conceito rebaixado e estranho de “movimento popular”, que agregaria gregos e troianos. Não, se fossem só gregos e troianos não haveria problema. Ele agregou, num mesmo saco, movimentos sociais, entidades populares, partidos e sindicatos. Dizia que eram “ferramentas” da luta dos povos oprimidos. Como poesia, este conceito é até sedutor. Mas politicamente é um profundo equívoco. E perigoso.
Explico: este conceito é o que criou o caldo de cultura para a partidarização de sindicatos e movimentos sociais brasileiros, ao longo dos anos 80 e nos 90. Porque se todos são instrumentos, e se na teoria marxista o partido é a expressão maior da organização dos que desejam a transformação (o restante estaria no plano da luta econômica, do
interesse), obviamente que a noção de autonomia, fundamento da origem do PT, teria que desaparecer. Ora, este é o cerne da mudança do PT dos anos 80 para o dos anos 90 e atual. Porque a sociedade pode pensar que sempre foi o mesmo, com discurso oportunista no início. Mas não foi. Houve uma disputa surda que mudou o rumo original. Foi o renascer do etapismo num partido hegemônico da esquerda brasileira, tal como figurou quando o Partidão era hegemônico entre as esquerdas tupiniquins;
4) Grande parte das lideranças sociais e sindicais do país tem origem nas organizações da igreja católica filiadas à Teologia da Libertação, que bebeu nos ensaios de Frei Betto. Hoje, o fruto colhido é a profunda partidarização e imenso desprezo das cúpulas pelo debate franco com a base social. À base caberia o didatismo e a paixão, já que os “de baixo” não teriam condições de compreender as manobras necessárias que envolvem os “de cima”. Uma espécie de leninismo revisitado onde não apenas a teoria viria de fora, da cúpula, mas tudo o mais que necessita ser prescrito. Aliás, os discursos são rebaixados. Recentemente, participei de uma mesa de debates com um dirigente da CUT que me deixou estarrecido. Ao apresentar esta crítica de como as centrais sindicais brasileiras são, todas, expressões de partidos, o dirigente da CUT afirmou que foi por conta dos outros partidos, porque a CUT sempre desejou tê-los unidos na central. Não é verdade. Basta analisarmos o que ocorreu no 4o congresso da CUT. Mas muitos sindicalistas sentados na platéia da escola sindical 7 de Outubro desconheciam os meandros das disputas de cúpula. O dirigente da CUT me travou, porque me colocou a responsabilidade de desvendar e desmistificar a história da CUT. Eu fiquei preso ao dilema de ser a Cassandra de lideranças sindicais honestas que me ouviam. Preferi me calar. E errei, percebo, agora;
5) Enfim, Frei Betto tem direito de defender o regime castrista. Um regime centralizador, autoritário, que não respeita a pluralidade, que até então não respeitava a sexualidade de quem não era a imagem e semelhança da virilidade guerrilheira (e que agora começa a mudar com a firme posição de Mariela Castro em defesa da pluralidade). Um regime militarizado, assim como o chavista. Mas Betto deve confessar a todos este desejo de país. Sem apelar para argumentos aparentemente ingênuos de que em Cuba não há fome e todos estudam. Primeiro, isto não é verdade. Basta andar poucos quarteirões pelas ruas das cidades cubanas para ser atropelado por olhos esbugalhados que desejam algum gênero de primeira necessidade do estrangeiro. Segundo, o ser humano não vive apenas de comida. Vive de diversão e arte. E muito mais. Rebaixar a vida humana à condição de animal quase irracional não é projeto de esquerda. E nunca foi. Talvez, num momento de transição. Mas já se passaram décadas e tudo continua no mesmo lugar. Terceiro, porque Betto deve cuidar para não ser “diretor da consciência alheia” (este termo tão caro à Foucault), uma tentação ao acrescentar ao seu nome um título que remete à religião. Se deseja discutir um projeto político deve ter o cuidado de evitar esta tentação e colocar-se no mesmo andar que os que são mortais abrindo argumentos racionais;
6) Assim, as diferenças entre projetos de esquerda em nosso país devem ser escancaradas. Devemos parar com esta pasteurização que desconsidera a inteligência da base social e de tantos militantes sinceros das lutas pelos direitos sociais. Esta infantilização do discurso, que encobre erros históricos que se acumulam e que deságuam, de tempos em tempos, na perplexidade sincera frente à escândalos e posturas sem nexo histórico, deveria acabar de imediato. Porque vivemos, hoje, lacunas na história tortuosa de várias organizações populares do país. Uma central que cria estruturas paralelas à oficial (os vários departamentos da CUT) e que centrava toda sua energia na organização no local de trabalho e que, de um dia para o outro, decide voltar-se para a conquista da estrutura oficial, ingressar em câmaras setoriais e esquecer a organização de base. Um partido que se organizava pela base, em núcleos e que adotava uma metodologia participativa para elaborar programas de governo e que, de um dia para o outro, contrata empresas de marketing para definir cores de gravatas e de livros-programas, se enredando em acordos pelo país afora que não são discutidos pelos militantes. Um governo que se inicia por audiências públicas discutindo o seu Plano Plurianual e adota equipes educacionais e comitês gestores (o controle social) do seu programa mais propalado, o Fome Zero, e que, de um dia para o outro, abandona audiências públicas e qualquer mecanismo de controle social. O que pensaram as quebradeiras de coco de babaçu e os militantes do semi-árido (a ASA) quando viram o programa de Lula e a transposição do São Francisco? Ficaram indignados, mas não entendiam onde se processara a mudança na cúpula.
Por este motivo, Frei Betto errou e continua errando. Porque sabe de suas responsabilidades. E se deseja ao Brasil o controle sobre blogueiros no velho estilo castrista, é preciso que diga com todas as letras. Para que num futuro – que temo que se realize tal como os etapistas racionais planejam à portas fechadas – não sejamos surpreendidos e nem nos vejamos na extrema ignorância que nos levará a perguntar em que momento o destino tramou esta tragédia para os pobres mortais.
Doutor em ciências sociais, diretor geral do Instituto Cultiva, do Fórum Brasil do Orçamento. E-mail: ruda@inet.com.br . Blog: rudaricci.blogspot.com
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